Coisa mais fora de moda essa tal de tristeza.
Hoje em dia o chique é ter depressão, se afundar dez palmos abaixo do chão, cair de cama, fazer greve de fome.
Tristeza a gente sente e pronto. De uma simplicidade que dispensa prontuário médico, bula de remédio, maca ou motivo.
Sem maiores explicações ela chega e se instala calada, fazendo barulho no coração.
Sem ser convidada ela chega de mansinho, sem alarde ou alarme, sem o charme que a alegria tem.
Apenas entra, fica, adormece e se enternece com a dor que venta. Frio.
Sem pedir licença, sem recusar abraço e lenço, a tristeza põe as cartas na mesa.
Quebra o jejum, quebra o silêncio, enche os olhos de goteira.
(E ainda há quem diga que é besteira.)
Menospreza a moça não, faz as honras da casa, põe a louça mais bonita.
Tristeza gosta de tomar ar depois de dar o ar da graça.
Vai passar.
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