
“Um, dois, feijão com arroz.”
Fez onde, esse curso de robô?
Roubou seu tempo, economizou conversa jogada fora,
suas estrelas deixou de contar.
Toca o despertador. Começa o noticiário.
Árido o dia que termina assim.
Tão no automático.
No imediático, se é que existe palavra assim.
Brinca de parar o tempo, menino.
Tanta coisa pra fazer, alma trancada no sótão.
Sai da catatonia, fura a monotonia
como surfista quebrando onda.
Vai morrer de amor mas não morre na praia.
Sai do padrão, faz careta pra escuridão,
acende os olhos para não perder de vista
a paixão que há tempos te ronda.
Compra logo uma lanterna roxa e sai por aí.
Vai bater ponto na vida.
Faz serenata, essa coisa tão antiga.
Vai contar causos de pescaria.
Tricotar com a avó.
Ou teclar, bater um blá, sei lá.
Acende uma lareira e junta os amigos.
Dá férias pro chefe e prepara panqueca de abacate
com pimenta rosa.
Mas troca essa voz robótica,
esse jeito previsível de fazer tudo igual sempre.
Desde sempre é que não foi. Foi?
Desrobotiza. Miraculiza. Externiza.
Xis. Sorria.
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