Já nos ensinaram tanto nessa vida – matemática, gramática, história, geografia.
Somos P.h.Ds em física, química, biologia. Especialistas em gente, máquina, política, poesia. E ainda assim não conseguimos entender, por mais que nos expliquem, por mais que esclareçam e ratifiquem, a razão que atravessa uma tragédia.
Cai o avião, caímos todos nós.
Abram a caixa preta, chamem a imprensa, o papa, Deus pelo amor de Deus.
Por quê? Por quê? Por quê?
Falha humana, falha técnica, tempestade, desvio de rota, rachada de vento.
Choro, luto, dor, lamento.
Pelos que se foram no susto, no rompante de uma queda, no vazio doloroso de um dó sustenido.
Pelos que ficaram no abalo, no abismo, no limo, cratera aberta no coração rasgado de dor. Torpor.
Estado de choque, estado de sítio, condições anormais de temperatura e pressão. Máscaras de oxigênio, pelo amor de Deus.
Choramos pelos que se foram e por nós que permanecemos, sem entender ou dizer adeus, arremetidos que somos à nossa condição de finitude. A qualquer hora podemos ir, a qualquer hora podemos não estar mais aqui. A efemeridade da vida é devastadora, daria uma aula inteira de filosofia sem data para acabar, me perdoe o paradoxo.
Já aprendemos tanto nessa vida. Tanta lógica, tantas fórmulas, tantos livros e diplomas.
Mas em matéria de tragédias ainda tomamos bomba. Passamos mal, deixamos as questões em branco, ficamos sem respostas diante de prova tão difícil.
Só mesmo um Professor, com sua grandeza e olhar de pai, eterno nas suas lições de amor, para nos levantar do chão.
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