
A vida não é lá muito previsível. Por mais que você planeje a rotina, reinvente a sina, siga o script, uma hora o pneu fura. O estômago embrulha. A nuvem cinza cai sobre a sua cabeça e o guarda-chuva ficou em casa. Haja!
Ou não, estava faltando mesmo um senão. De repente o imprevisível surge justamente às três da tarde, na mão do carteiro que bate à sua porta com uma inesperada carta de amor. Carta de amor, em plena era pós-moderna? Só se for. Às vezes é, ué. Vai saber. Vai sentir. Se não tem carta, que reste pelo menos amor.
Ou de repente você ganha na loteria, é convidado para dar a volta ao mundo num balão, se enche de emoção só de pensar no atrevimento inusitado do convite.
Às vezes você é pego de surpresa. Atropelado por uma notícia. Lindamente arremessado pelos olhos daquela moça bonita que já não sai mais da sua cabeça.
Às vezes não acontece nada de novo. Sempre a mesma sexta-feira, de segunda a segunda. Sempre o mesmo arroz com feijão, quer você queira quer não. Vai uma pimentinha aí? Ervas de Provence, répondez s’il vous plaît.
De um jeito ou de outro, seja na turbulência ou em águas mansas, nada melhor do que um porto seguro pra aquietar o coração. Um “como foi o seu dia?” no final dia. Casa de vó. Abraço apertado. Copo d’água. Ombro amigo. Almofada pra chorar baixinho. Montanha pra gritar alto sem ninguém ouvir. Vir… vir… vir…
É quando a família faz todo o sentido. Quando a cumplicidade faz abrigo. Quando quem está ao seu lado está de verdade, por inteiro, bem do lado de dentro.
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