O sol que me desculpe,
mas não tinha o direito de se levantar cedo,
como que de costume.
Não tinha que se levantar.
Falo do escuro que se faz quando a vida se vai.
Penumbra, negritude, completa escuridão.
Nem pó de estrela, nem vela ou lanterna
pra iluminar o dia que acordou no luto. No susto.
Alguém morreu e paradoxalmente a vida segue lá fora.
Ônibus circulam, carros soltam fumaça,
pulmões choram a falta de ar.
Falta. Ausência. Salta essa parte ruim da história.
Sai fornada de pão na padaria.
Gente apressada atravessa a rua.
Gente atordoada atravessa a dor.
A vida continua nas esquinas, varandas, cirandas.
Por que tanto movimento
se está tudo parado aqui dentro?
O bebê chora, o telefone toca, o carteiro manda notícias.
A vida pára e anda no cortejo.
Pranto de chuva, despedida que não foi pedida,
tristeza absoluta em sol menor.
Comentários
Seja o primeiro a comentar!