Fala sem parar, por falar, se esqueceu (?) de sentir.
Frio? Abandono? Medo? Tristeza? Alegria? Sentimento ainda não descoberto, não nomeado?
Coração tomou anestesia, paralisado de taquicardia, amordaçado ficou, relógio parou. Insônia.
Fala do tempo, do vizinho, do político, do padeiro, da labuta.
Fala da certeza que não tem, do ônibus que não vem, do trampo e do santo, dos milagres tão escassos. Em falta.
“Calor danado, precisando chover.”
Distância doída, cansou de sofrer.
Sobe morro, desce morro, ladeira e ladainha, “quase morro”.
Que bom que fala. Palavra guardada vira gaveta emperrada dentro da gente.
Gente que é gente ama, sofre, chora, de vez em quando entala pra mais tarde desentalar.
Alívio, orvalho nos olhos, abraço que já nem sonhava mais existir.
Pra alma não ter hemorragia, verborragia. Com todas as letras, dores, pingos, reticências e vírgulas.
Não é pelos cotovelos não. É pelo coração que ela fala, canta, recita, desagua emoção de uma vida inteira.
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