
Abstinência
Passo mal se não escrevo. Sinto dores, calafrios, ausências. Sinto saudade de mim.
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Passo mal se não escrevo. Sinto dores, calafrios, ausências. Sinto saudade de mim.
Cai a noite. Desmaia o sol. Chove via láctea num mar sem fim. Acorda o sono. Não deixa morrer o sonho. Desperta pro que está por vir.
Inventou segredos. Ensaiou mil beijos. Deu férias pro azar. Foi em busca do mar. Em busca de amar. Primeiro a si mesma, de corpo inteiro, de alma pronta e lavada. Depois para quem merecesse beber em fonte tão abundante de amor. Abundância, é o que nos diz o mar. Eternidade, é o que responde o amor. Sem tirar a roupa, se desnudou por inteiro. Mergulhou em si mesma como veio ao mundo. Virou ilha cercada de paz.
Léo querido, Vou torcer para você estar na aula de informática e ler em tempo real, ao vivo e em cores, a minha saudade, que é do tamanho do mundo. Chegamos amanhã e vou apertar, abraçar, encher de beijos, colo e carinho você e a Bella. Contagem regressiva, comece a contar desde já! Amo muito vocês, meu sol, minha flor. Mamãe.
Querido Neruda, Quando você se foi eu ainda nem havia nascido. Dizem que morreu de tristeza, dessas mortes que cabem bem aos poetas. Cheguei nove meses depois, e outros tantos anos aqui estou, sentada de frente pro mar, pensando no que os seus olhos viam quando também enxergavam a beleza de Viña del Mar. De um lado, a beleza do Oceano Pacífico que rega o seu Chile de congrios e ceviches. De outro, tão perto daqui, em Santiago, a força da Cordilheira dos Andes que nos encanta com o seu prant
Cada fase uma fase, um momento diferente. Eu me despedindo do Léo ao deixá-lo na escola: Filho, “Deus te abençoe”, boa prova, não se esqueça de escrever respostas completas, não confunda fotossíntese com polinização. E lembre-se: “green”, grama; “yellow”, sol. Capricha na prova de inglês!… Com a Bella, a recomendação mais importante: Tchau, minha flor, brinca bastante! Nem precisei terminar a frase e ela saiu correndo em direção à Sophia e ao Ilan, direto pra casa de boneca: – Mamãe, a
A primeira tricotada “a gente nunca esquece”. E pra garantir que a gente não vai esquecer mesmo, deixo esta pequena relíquia aqui no blog. (Quem sabe meus filhos, netos, bisnetos e tataranetos não lerão um dia.) Do alto dos seus quase quatro anos, o pinguinho de gente da Bella resolveu bater um papo bem entrosado com a Patrícia, que trabalha na nossa casa. Eis o diálogo, na íntegra: – Pat, você sai com a sua mãe no fim de semana? – Saio, Bella. – Só você e ela? – Não, eu tenho uma irmã.
Cresci ouvindo isso da minha mãe: “primeiro a obrigação, depois a devoção”. Aprendi direitinho, tintim por tintim, letra por letra. Tinha também a outra versão de rima: “primeiro o dever, depois o lazer”. Ah, mães. Hoje sei bem o que é isso, conheço bem essa toada, e tento passar pros meus filhos de tudo quanto é jeito. Tá impregnado, tá na pele, tá virando quase um mantra: obrigação, ão… ão… ão… ão… Só que ao invés de relaxar, põe é pilha. Claro. “Um dois, feijão com arroz.” Bora bora, v
Chega de banho. Você vai acabar derretendo desse jeito. Arregaçar as mangas. Rasgar o verbo. Desentalar. Chorar se preciso for. Enfrentar o batente, a labuta, a dor de dente. Encarar os problemas de frente. Ninguém te falou que seria fácil. Viver não é conto de fadas, não é matematicamente simples assim. Dorme. Acorda. Boa noite, bom dia. Ginástica física, mental, emocional. Corre daqui, peleja dali. E assim a gente vai transformando pedras no caminho em bolhas de sabão. Sem tira
Outro dia fui comprar um sabonete líquido para o banho e fiquei alguns minutos diante da prateleira, observando a variedade de marcas, aromas, cores. Um deles me chamou atenção pelo imperativo estampado no rótulo: “Recarregue-se”. Não tive dúvida. Coloquei no carrinho e lá fui eu pro caixa, pensando no poder que as palavras têm. (Os publicitários são especialistas no assunto). Depois de uma semana de muito trabalho, nada como recarregar as baterias, soltar as mangas e degustar dessa pausa r
Ontem eu dei uma entrevista para o MGTV sobre um tema bastante comum e ao mesmo tempo complexo: “pessoas negativas, destrutivas, que puxam o outro pra baixo “. (http://g1.globo.com/videos/minas-gerais/v/especialista-ensina-como-lidar-com-criticas-negativas/1583961/#/todos%20os%20v%C3%ADdeos/page/1) Como o assunto dá pano pra manga e o tempo é sempre contadinho no Programa, resolvi estender um pouco do tema por aqui, explorando especialmente o lado de quem sofre com o que vem dessas pessoas t
Um dia ela me confessou, muito timidamente: – Às vezes eu penso em mudar de sexo. Deixar de ser mulher. (…) Mas nada de ser homem também. Esquece. Meu sonho de consumo é me transformar em máquina. De preferência uma bem grande, linda, de plasma ou LCD. (Plasma não, de plasma basta eu tentando inutilmente aparecer.) O que eu queria mesmo era me banhar de todos os brilhos, cores, amores. Imagens em movimento, tão aceleradas quanto os filmes do 007. É isso. A partir de hoje meu nome é “Bond.