Te conheci há alguns anos, na piscina, e chorei de emoção. A aula de hidroginástica chegara ao fim e a professora colocou uma música sua para tocar.
Fazer o alongamento ouvindo “Onde Deus possa me ouvir” foi como fazer uma prece, presente pra alma depois que o corpo (missão cumprida!), já sorria agradecido.
Cheguei ao consultório com a sua música na cabeça e no coração, querendo dividir com o mundo cada palavra sua. Num intervalo entre um atendimento e outro, fiz um café, entrei no facebook, abri aspas e compartilhei a emoção prolongada desde manhã cedinho:
“Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Sair, chegar lá fora e encontrar alguém…
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Meu amor
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui, pode sair
Adeus” (Vander Lee)
Foi também pelo facebook que soube da sua partida, Vander Lee. Tão cedo, tão nosso, tão sempre. Li que você passou mal numa aula de hidroginástica, bem lá onde com o seu canto me encantei, seu coração não aguentou.
Levei susto. Lavei os olhos. Levo agora, mais do que nunca, sua poesia dentro de mim.
P.S: Li sobre a sua história, me emocionei de novo. Pus “Onde Deus possa me ouvir” pra tocar e reparei bem na última frase: “Adeus”. (…)
Me refugiei “no interior do meu interior”, rezei por você, pedi a Deus para preparar uma orquestra inteira de anjos pra te receber.
Descanse em paz, meu poeta.
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