Tá bom, tá bom. Sei que desembestei a falar de cinema, mas não resisto à tentação. É que a questão náo é bem o cinema. É o tanto de vida que se desenrola ali na telona, acústica perfeita de “eu te amos”, “te perdôo”, “olás”, “adeus”, “Feliz Ano Novo”.
Então é noite de Ano Novo em Nova York. Precisa falar mais alguma coisa? Ou você quer que eu chame o Frank Sinatra pra gente dar uma palinha? “It´s up to you, New York, New Yooooooork!…”
Sim, o filme é cheio de música, emoção, atores de peso (destaque para Robert De Niro e Michelle Pfeiffer, que quase não reconheci), paisagens de cartão postal, fogos de artifício e pequenas pitadas de clichê. Mas o que seria o Ano Novo senão um belo, grande e esperado clichê? Constatação entusiasmada (ou não, na versão dos mal-humorados de plantão) de que a vida continua, vira a página, começa um novo capítulo. E que pode começar de um jeito diferente, sem promessas em vão, ditas para o vento, mas com uma nova paisagem dentro de você. Paisagem feita de paz, alegria, amor, esperança, sucesso, realização. Mudanças silenciosas, majestosas, que para você farão todo o sentido.
Você pode ganhar na Megasena. Arrumar um namorado. Mudar de emprego. Dar a volta ao mundo. Ir pra Bali, Cabo Frio ou Milão. Mudar, casar e não me convidar.
Mas a realização que falei lá em cima não tem necessariamente que estar em projetos grandiosos, extraodinários ou radicais. Pode ser algo pequeno, sutil, mas suficiententemente grande para transformar a sua paisagem interior. Sol no lugar de neve, flores para um jardim árido, chuva para irrigar os seus desertos.
Feliz Ano Novo. (Um pouco antes da hora, eu sei, mas já inteiramente no clima depois desse filme delicioso.)
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