
Alguma vez você já experimentou a sensação aguda, pontiaguda, de estar no limite? (Ou para muito além dele?) A sensação de esgarçar a corda, romper as coronárias, vomitar a própria angústia?
Quantas vezes você já gritou por dentro, pediu socorro, chorou no chuveiro, encharcou o travesseiro com sua dor gigante, abissal, imensa?
Quantas vezes você se cobrou demais, foi além da conta, fez de conta que estava tudo bem quando na verdade estava tudo mal?
Espero que esteja tudo bem com você. E se passou perto de algum desses parágrafos acima, torço para que tenha se cuidado.
A ginasta Simone Biles fez este movimento (desta vez não artístico-corporal, como de praxe, mas acima de tudo emocional e ao mesmo tempo racional) ao desistir de disputar a final das olimpíadas. Surpreendendo todas as expectativas, todos os holofotes, todo um passado que a condecorava, ela desistiu. Levou a medalha de ouro por reconhecer, privilegiar e especialmente acolher sua grande porção de humanidade. Essa que sente, sofre, se fragiliza e muitas vezes entra em pane. Essa que é imperfeita por natureza e que nos oficializa seres humanos, muito mais que máquinas.
Ao tomar esta decisão, Simone tomou a si mesma acima de tudo. Compartilhou com o mundo a grandeza e a coragem de se colocar em primeiro lugar. E isso é de uma preciosidade, de um valor que a gente precisa carregar no peito. Feito medalha de ouro.
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