Quando você vê já foi. Falou o que não devia, saiu do eixo, amargou boas palavras na boca, o suficiente para azedar seu dia.
Vai um pouquinho de jiló aí? Meia-dúzia de limão capeta? Ou prefere uma lambreta, pra sumir de vez por esse mundão afora? Que fora.
Não perdeu nada por ficar calado, é o que diria a sua avó.
Agora já era. Ainda não inventaram o “verboshop”, sinto lhe dizer. Não tem jeito de consertar, voltar a fita, retocar o borrado. Borrou.
Mas também não vai adiantar ficar aí chorando sobre o leite derramado. Jiló, leite, limão, essa mistura não tá nada boa.
#prontofalou, fazer o quê?
Faz nada. Só pensa, matuta, espera, vê de longe o tamanho do estrago e lembra que você também é filho de Deus. Pra lá de imperfeito.
Por algum motivo você precisava pôr pra fora. Desabafar. Expurgar. Chorar o que andava doendo aí dentro. De repente foi sua sombra que resolveu dar uma voltinha lá fora. Ou vai me dizer que você é só sol o tempo todo? Tem direito a relâmpagos e rajadas de vento também.
Aproveita o calor e esfria a cabeça. Toma uma ducha gelada. Um mergulho em alto-mar. Um balde cheio de gelo. Chicletinho da hora pra tirar esse gosto amargo da boca.
Se o “desastre” valeu um cadinho de reflexão e aprendizado pra alguma coisa, tá valendo. Tá crescendo. A melhor parte é perceber que no dia seguinte tudo pode ser diferente, se você quiser.
Vai lá e pede colo, arrego, perdão. Ou não faz nada disso, se não achar que deve. Mas mostra pelo seu olhar o tanto de amor que carrega aí dentro – um amor que vale mais do que mil palavras, mesmo as mais amargas e indigestas.
Pega o leite que não derramou, mergulha em morangos frescos, bate no liquidificador e prepara aquela vitamina.
Que esta seja a sua sina.
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