E aí alguém que você amava muito já não está mais aqui. De carne e osso. De vento em popa. De braços abertos para um abraço, um café, um sorriso largo. E aí você gruda na falta, feito Super Bonder. Que de super não tem nada. Cola dor, lágrima, cola o pé no asfalto quente, cheio de cacos de vidro. 50 graus e está frio, gelado, ferido, dureza de vida sem ele ou sem ela, pedaço imenso de você que também se foi, emoção que não se nomeia.
E aí você acha que não vai dar conta. Volta no passado e se lembra de tudo o que poderia ter feito e não fez. De tudo o que poderia ter dito e não disse. De tudo o que poderia ter sido e não foi. Oi. Tchau. Te amo. Adoro sua companhia. Durmo pensando em você. Meu porto seguro. Meu colo. Meu pai. Minha mãe. Meu tudo.
E aí você pega o chicote e bate. Forte. Dói. Mói. Mais feridas, só que agora no corpo inteiro. No coração morrendo de sede. Na alma em estado de sítio, greve de fome.
E aí alguém te diz para largar o chicote e trocar por flor; que na verdade, o grande requisito para a culpa é o amor. Que se você soubesse, se você pudesse, se tivesse constantemente os olhos pra dentro, ia fazer diferente. Mas não é Deus, esqueceu? Fez o que deu conta de fazer, querido(a) ser humano de carne e osso.
Quando você volta o olhar para o amor, você deixa a dor. E a culpa vai ficando pequena, serena, feito grão de arroz.
O que não foi não foi. Mas a essência do que é para sempre será. Não importa quanto tempo passe e com que força a saudade bata na porta, arrombando a alma, ainda há o amor, esse gentil escritor, para continuar a história.
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