
A vida da gente é um grande mosaico. Cenas, palavras, registros, acontecimentos, memórias. Cada pecinha se juntando para formar a história de cada um. Cada um construindo sua singularidade a partir de significados, afetos, escolhas, modos de existir. Movimento.
Quem é você hoje? Como vai? Queira se apresentar. Quem foi você ontem, atrás daquele passado que insiste em te esconder? Quanto tempo, quantas dores, você sumiu. Amnésia. Analgésico. Dor de alma. Calma. Algo se perdeu no caminho? Ou se transformou? O que foi que mudou? Pra sempre?
Perguntas, respostas, mais perguntas, reticências. Aos olhos da psicologia, todo mosaico tem sua beleza de ser. Mesmo sendo dor, falta, tristeza. (Bem-vindo à vida.) Peças arrancadas deixam um imenso vazio, mas que um dia a gente pode voltar a preencher. Nem que seja com lápis de cor.
Vejo lindos mosaicos à minha frente todos os dias. Cada história uma emoção, um enredo, uma travessia. Outro dia ouvi uma cliente ponderar algo importante sobre o seu casamento: “A gente tem que fazer memória, sabe? Sair pra jantar, buscar se encantar de alguma forma com o dia-a-dia, criar novos domingos pela frente…”
Fiquei pensando o quanto essa frase é boa. Fazer memória. Pôr sentido, pôr novas pedras no mosaico, fazer valer cada segundo da sua vida, mesmo que uma pandemia tenha te deixado de castigo. Ou que o seu passado te prenda num poço bem fundo e escuro, outro castigo.
Que bom que palavras libertam, e que a vida tem uma capacidade maravilhosa de transformação. Deixe o seu olhar buscar as boas lembranças e permaneça com elas, firme como coração batendo no peito, caminhando com mais leveza por aí. Fazer memória, não se esqueça.
P.S.: Ontem o blog fez memória, e eu não poderia deixar de compartilhar essa alegria com você: 12 anos de vida, de prosa e muita emoção. Obrigada por fazer parte dessa história e deixar o meu mosaico mais bonito.
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