Renata Feldman

Renata Feldman

Psicóloga e Escritora

Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
vida

Deus mandou chamar um eletricista.

18 August, 2020

Paulinho foi aquele eletricista que entrou na minha casa pra arrumar o fio, a fiação, o disjuntor, até secador de cabelo ele arrumava. Fazia de tudo um pouco até virar de tudo um muito: virou de casa, o danado do Paulinho. Qualquer problema era ele que a gente chamava. De tão de casa virou que eu passei até a suprimir a segunda letra do nome dele. E era assim que eu o chamava: “Pulinho”! Tamo precisando docê!…” E Num pulo ele aparecia lá em casa, pau pra toda obra. Feliz da vida, dono de uma alegria contagiante, especialmente depois que seus netos nasceram. Virou vô babão, esse Paulinho. E com toda razão. (Carreguei um deles no colo, e continuei carregando no meu celular, fotos lindas que o Paulinho me mandava.)

O último jogo da Copa ele foi assistir com a gente, meu pai estava também. Não me lembro se teve gol, nem quantos. Mas não faltou carne, cerveja, abraço, alegria.

Depois o Paulinho não apareceu mais. Dona Saúde pediu atenção, o fígado não ia bem, um transplante passou a ser cogitado. Cheguei a combinar uma visita no início do ano, mas ô ano conturbado, sô. Veio vindo igual um furacão, acabamos tendo que desmarcar. (Sinto muito, meu amigo. Fiquei te devendo esse encontro.)

Hoje acordo com a notícia de que o Paulinho se foi. Duas paradas cardíacas, haja coração, doído amanhecer assim.

Choro sua partida, Paulinho. Apago as luzes lá de casa, aquele circuito todinho que você fez com tanta competência e carinho. E sei que agora é você quem vai acender as estrelas lá do céu.

,

Compartilhar este post

Posts Relacionados

Foi-sevida

Foi-se

Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na

1 de set. de 2025Ler mais →
Carta à Clarice Lispectoremoção

Carta à Clarice Lispector

Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage

13 de out. de 2025Ler mais →
Estou aqui.cinema

Estou aqui.

Sim, eu sei. Perdi o timing. Me perdi em meio à minha emoção, à minha ação. (Acho que fiquei paralisada, fora do ar, sem palavras.) Aí a vida veio passando, outros filmes também, e aqui estou: atrasada feito o coelho da Alice, "é tarde, é tarde, é tarde", mas aqui estou. Preciso ticar essa pendência. Check. Pode ser que você não leia, já tenha se saturado com o assunto, vou entender. Mas preciso escrever, a dívida é comigo mesma. E antes que você vá embora, te adianto um pequeno spoiler: o post

28 de jul. de 2025Ler mais →

Comentários

Seja o primeiro a comentar!