Tem gente que reclama da rotina, desse quase sempre tudo sempre igual: segunda-terça-quarta-quinta-sexta, arroz com feijão pimenta não, casa-trabalho-casa, dia-e noite-noite-e-dia.
Eu não. Nunca morri de tédio ao acordar e olhar pra mesma montanha, pros mesmos olhos que iluminam os meus, pro mesmo Deus que me escuta atento, gratidão-pedido-ou lamento.
Amo coar café. Pedir bênção. Sair pra trabalhar. Amar esse meu bate-ponto, sem chefe ou burocracia, alegria alegria. Pausa pra almoçar, pimentinha no feijão. Mais trabalho, vamos que vamos, depois voltar e encontrar tudo no lugar: abraços de urso, roupa lavada, comida quentinha, banho relaxante, livro e abajur. (Ou quem sabe um tour?)
Depois de um maio um tanto quanto turbulento, nada como voltar à normalidade, mesmo que aos poucos. Colocar gasolina, ir às aulas, pegar o voo, fazer a feira, encontrar ovos, mamão, limão. Fazer do limão uma limonada. Tudo funcionando bem, cada qual na sua rotina, cada música na sua sintonia, coisa melhor não há. Movimento. Todo mundo com saúde, todos bem e inteiros.
E o que precisar fugir da rotina, que seja em nome da alegria: uma surpresa. Um convite. Um pote de pralinê em frente à TV. Uma mensagem pra ler sorrindo. Uma viagem aqui e acolá. Um presidente digno da sua confiança. Um novo país pra gente se orgulhar. Um encontro inusitado. Um filme, um show, um tanto de querer bem. Velas pra soprar. Projeto novo pra amar. A vida de vento em popa, sem grandes novidades ou tensão no noticiário, apenas uma rotina deliciosamente previsível pra viver.
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