Vida

Carta-resposta

08 December, 2023

Outro dia escrevi uma carta pro mundo. Não imaginava que a resposta viria tão rápido, no dia seguinte, em pleno show do Paul McCartney. Um estádio inteiro entoando alegria, paz, sintonia. Por um instante esqueci que o mundo lá fora anda em guerra.

Não é apenas sobre ser o genial, incrível Paul McCartney. Ou sobre as músicas lindas que ele toca. É sobre a forma cativante como ele nos toca.

Aos 81 anos de idade, cheio de graça e vitalidade, ele mostrou que entende não só de música como também de empatia. Sorrindo com os olhos e com um sotaque digno de aplausos, ele me encantou com o jeito de entrar no nosso mundo:

– Belo Horrrizonte, estou aqui. Uai.

– Trem bom.

Ah, se eu soubesse. Te levava uma cesta cheinha de pão de queijo.

E dá-lhe “Hey Jude”, “Something”, “Live and let die”. E teve ainda “My Valentine”, que ele dedicou à sua esposa Nancy com a voz cheia de amor.

E mais aplausos. E mais sotaque, acompanhado de um gesto aproximando o dedo indicador do polegar:

– Esta noite.. vou tentar falar um pouquinho português. Só um cadinho.

Empatia, está aí a resposta do mundo pra mim. Apesar de tão escassa, escondida, ela ainda está aí. Aqui. E soa como música para os meus ouvidos, certeza de esperança, ponte pra paz.

E sobre tudo o que anda estranho, tão absurdamente estranho por aí; sobre todos os assombros e perguntas ainda sem respostas, lá vem ele me dizer: “Let it be”, deixe estar, tudo vai se resolver.

Amém, Paul. Thank you so much.

Comentários

Seja o primeiro a comentar!