
Outro dia escrevi uma carta pro mundo. Não imaginava que a resposta viria tão rápido, no dia seguinte, em pleno show do Paul McCartney. Um estádio inteiro entoando alegria, paz, sintonia. Por um instante esqueci que o mundo lá fora anda em guerra.
Não é apenas sobre ser o genial, incrível Paul McCartney. Ou sobre as músicas lindas que ele toca. É sobre a forma cativante como ele nos toca.
Aos 81 anos de idade, cheio de graça e vitalidade, ele mostrou que entende não só de música como também de empatia. Sorrindo com os olhos e com um sotaque digno de aplausos, ele me encantou com o jeito de entrar no nosso mundo:
– Belo Horrrizonte, estou aqui. Uai.
– Trem bom.
Ah, se eu soubesse. Te levava uma cesta cheinha de pão de queijo.
E dá-lhe “Hey Jude”, “Something”, “Live and let die”. E teve ainda “My Valentine”, que ele dedicou à sua esposa Nancy com a voz cheia de amor.
E mais aplausos. E mais sotaque, acompanhado de um gesto aproximando o dedo indicador do polegar:
– Esta noite.. vou tentar falar um pouquinho português. Só um cadinho.
Empatia, está aí a resposta do mundo pra mim. Apesar de tão escassa, escondida, ela ainda está aí. Aqui. E soa como música para os meus ouvidos, certeza de esperança, ponte pra paz.
E sobre tudo o que anda estranho, tão absurdamente estranho por aí; sobre todos os assombros e perguntas ainda sem respostas, lá vem ele me dizer: “Let it be”, deixe estar, tudo vai se resolver.
Amém, Paul. Thank you so much.
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