Há quem não goste de despedidas. Quem não suporte o peso das malas, o choro doído, o abraço eternizado diante da perspectiva de um “até mais”, “volta logo”, “dá notícias”, “a gente se vê”. Ou “adeus”, “nunca mais”, já vai tarde”, “acabou”, o que acaba intensificando a dor dessa tênue linha que separa a presença da ausência.
Há quem sofra de saudade antecipada, elaborando a falta antes mesmo que ela aponte no coração.
Há quem sofra de saudade crônica, engessada na alma, paralisada naquele “te cuida”, “te amo”, “vai com Deus”.
Mas há também quem viva a sabedoria de deixar ir, deixar partir, com a leveza do desprendimento e a emoção que vem da gratidão.
Que seja assim com o ano que passou e que já está de malas prontas para partir. Partir para nunca mais voltar, deixando apenas o que ficou de afeto, memória, construção e aprendizado, pois isso não se perde jamais. É pra sempre.
Alegria maior não há: estarmos vivos para ver um ano partir e outro chegar. Um milésimo de segundo neste encontro iluminado que sincroniza despedida e boas-vindas: um vai para o outro chegar, se aconchegar dentro de nós, vibrar. Bonito.
Seja como foi o seu 2019, é hora de se despedir. E despedir rima com sentir, só pra lembrar. (A quantas anda o seu coração nesta contagem regressiva?)
Do jeito que foi, 2019 fez parte. Mas o tempo, este senhor implacável, avisa que é hora de ir: deixar pra trás o que não cabe mais, levar adiante o que tem força para continuar.
Seja como for o seu 2020, que seja leve, cheio de luz, amor, esperança e sentido, cheio de chão florido pra gente caminhar.
Feliz Ano Novo!
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