Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
vida

Aos "nossos" meninos

11 July, 2018

Não conheço nenhum dos doze meninos tailandeses que ficaram presos na caverna inundada de Tham Luang, por mais de 15 dias. Mas sei que são bons de bola e esperança, essa palavra que escuto muita gente pedir – quase implorar – para sentir. (Parece que andam anestesiadas de fé.)

Sei também que eles fazem parte de um time chamado “Javalis Selvagens”, e que no período em que estiveram presos se comunicaram através de cartas: “Queridos mamãe e papai, não se preocupem comigo, posso cuidar de mim.”; “Queridos mamãe e papai, estou bem, um dos mergulhadores me trouxe frango frito para comer. Amo vocês.”; “Querida avó, estou bem, não se preocupe muito por mim. Por favor, cuide-se.”

Sei – posso falar de cadeira e de coração – da minha emoção ao vê-los serem resgatados, ambulância por ambulância, até chegarem ao hospital. Ainda sem poderem abraçar seus pais, assistir à final da Copa na Rússia ou comerem chocolate (um dos pedidos feitos, e eu assino embaixo…), “nossos” meninos conseguiram finalmente se libertar, sãos e salvos. Digo “nossos” porque, mesmo tão longe, tão perplexos e impotentes, de alguma forma estivemos lá com eles também. Em uma conexão linda de compaixão, mergulhamos fundo dentro de nós, torcendo, rezando, acreditando. (Está aí um gerundismo com toda razão de ser).

Diante de tantas notícias ruins, o resgate desses meninos foi um presente, um alento, um time inteiro voltando pra casa carregando a taça.

Compartilhar este post

Posts Relacionados

Doce alquimiavida

Doce alquimia

Incrível a doce alquimia da vida. O dom de transformar leite condensado em brigadeiro. Farinha de trigo em Challah. Espera prolongada em Beta hCG positivo. Colo em passos de dança. Semente em flor. Dia-a-dia em alegria. E assim a gente vai transformando picolé em palito premiado. Contos de fadas em "Friends", "Amor e gelato", "Gossip Girls". Escola em faculdade. Aconchego em saudade. Amor em história. História em continuidade. A gente vai virando a folhinha do calendário e percebendo que o tem

1 de nov. de 2025Ler mais →
Foi-sevida

Foi-se

Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na

1 de set. de 2025Ler mais →
Carta à Clarice Lispectoremoção

Carta à Clarice Lispector

Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage

13 de out. de 2025Ler mais →

Comentários

Seja o primeiro a comentar!