
“Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.” A canção é dos Titãs, mas bem que poderia ter sido escrita por você, por mim, basta ser humano para sentir.
Da alegria é fácil falar, evocar, cantar. Vem rapidinho deslizando pela memória, como nuvens no céu. Da dor nem tanto: lamento, ferida, pranto. Mais fácil deixar guardada, trancada com tetra-chave e cadeado.
Fato é que dói, eu sei. Algumas dores vêm acompanhadas de susto, outras de uma notícia já esperada; outras vivem de dormir e acordar, basta viver para sentir.
Algumas dores são crônicas. E eu não estou falando de de enxaqueca, fibromialgia, lombalgia. Dor emocional também cristaliza, cronifica, gruda no coração feito piche. Viche.
Dá-lhe terapia. Dá-lhe conversa, choro, chá, leitura, tempo, ombro amigo pra acalmar esse coração doendo.
Um dia passa. (Que bom que passa.) A página vira, a resiliência faz abrigo, a paz pede finalmente pra entrar. Mas melhor do que paz é a força que nasce junto dela. Um novo jeito de responder à vida, olhando bem nos olhos dela e dizendo: “aqui estou. Sobrevivi. Mudei, transformei, cresci. Aquelas pedras que um dia me fizeram tropeçar, cair, machucar, já não estão mais aqui.”
Nessa grande escola da vida, talvez seja esta a lição mais importante: aprender que somos capazes de seguir em frente, apesar “de”: maiores, melhores, ancorados na força e na gratidão por tanto ensinamento. Sem mais nem lamento, assim vamos seguindo: diplomados na dor, engrandecidos de amor. Por nós mesmos, pra começo de conversa. Ou de cantoria, como quiser. Do jeitinho que começou este post.
Compartilhar este post
Posts Relacionados
vidaDoce alquimia
Incrível a doce alquimia da vida. O dom de transformar leite condensado em brigadeiro. Farinha de trigo em Challah. Espera prolongada em Beta hCG positivo. Colo em passos de dança. Semente em flor. Dia-a-dia em alegria. E assim a gente vai transformando picolé em palito premiado. Contos de fadas em "Friends", "Amor e gelato", "Gossip Girls". Escola em faculdade. Aconchego em saudade. Amor em história. História em continuidade. A gente vai virando a folhinha do calendário e percebendo que o tem
emoçãoCarta à Clarice Lispector
Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage
vidaFoi-se
Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na
Comentários
Seja o primeiro a comentar!

