O post anterior não fui eu que fiz. A autoria é de uma menininha de 7 anos, do alto da sua sensibilidade e sapequice, às voltas com as sombras que a vida dá. (Ah,Bella, vou te apertar até espremer.)
No quarto dessa menina-poema, quando anoitece, tudo acontece: maçaneta vira nariz de bruxa, cortina vira fantasma, armário vira espantalho. Quando clareia o dia, clareiam também as ideias. E lá vem a menina-poema, papel e caneta na mão, rimando os sentimentos que passeiam pelo coração. Dizendo que quando crescer vai ser psicóloga, escritora, veterinária e cozinheira. (Lá vem ela, com seus braços ainda tão pequenos, querendo abraçar o mundo.)
E sem saber, sem se dar conta, acaba escrevendo o que anda na alma de muita gente grande por aí: MEDO. Não de maçanetas ou espantalhos, mas de tantas outras sombras que nos assombram por aí.
Medo de amar, errar, não dar conta, fracassar.
Medo do que vai acontecer, medo de envelhecer, adoecer, morrer, doer.
Medo de perder quem mais ama nessa vida.
Medo do escuro que cobre a vista, deixando a gente tonto de tanto remoer pensamentos, lembranças, lutos.
Medo de elevador, avião, lagartixa, trovão.
Medo de florestas densas, noite fria, monstros importados da primeira infância.
Medo de não encontrar o caminho de volta pra casa.
Medo que paralisa, angustia, somatiza.
Medo de ser, pura e simplesmente ser quem você se propôs a ser.
Medo de ________________. (Que mais?, diga você.)
E aí vem o sol para dizer que já é dia. Clareou, meu bem. Pega papel e caneta, enche os olhos de brilho e perguntas. Abre a janela e deixa um tanto de luz entrar. Já amanheceu, menina. Hora de acordar. Enche os pulmões de coragem e transforma escuro em luz, verso em reverso, rascunho em poesia.
Pega seu amor e vai dançar. Coladinho. Rosto com rosto. Alegria, alegria. Sem medo de ser feliz. Não é assim que dizem por aí?
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