Semana passada levei o Léo à oftalmologista para um check-up de rotina. Na sala de espera, o pequeno paciente teve que ter paciência: pinga colírio, arde um bocado, espera um pouquinho, pinga de novo, arde mais um bocado, aguarda até ser chamado pra entrar.
Peraí. Paciência? Para um menino em plenas férias escolares, que deixou o coleguinha em casa jogando playstation até ele voltar? Ah, é mesmo pedir demais.
As pupilas foram dilatando e a tromba também, proporcionalmente. Visivelmente cabreiro, mal-humorado, o pequeno me solta essa:
– Mãe, quero ir embora…
– Calma, meu filho, já já você vai entrar.
– Tô com tédio…
Passado alguns minutos (talvez os mais tediantes da sua vida), ele finalmente adentra pela sala da Dra. Daíse.
Depois de olhar para a parede e falar uma porção de letrinhas miúdas, a única palavra que passou a não existir mais era tédio. Esse sentimento acinzentado se transformou rapidinho em alegria quando ele soube que finalmente ia precisar usar óculos.
(Vai entender.)
Numa hora dessas o Léo já deve até ter esquecido o que é tédio. Desde sábado ele está se divertindo na machané (acampamento judaico) com os amigos da escola, o que inclui banho de piscina, chuva, lama; brincadeiras, noite do terror, gincanas.
O detalhe é que não pode levar celular, para desespero de “algumas mães” que nunca passaram um dia sequer sem falar com o filho. A ideia é mesmo criar nos meninos toda uma ideia de desprendimento, autonomia, desapego.
Nada mais saudável, eu sei. Saudável saudade, esta é a verdade…
Léo, a gente tem certeza de que você tá aproveitando como se estivesse na Disney.
Mas que a casa fica o maior tédio sem você, ah isso só sendo cego pra não ver…
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