Família

Tão longe, tão perto

01 October, 2017

São tantos os lugares deste mundo. Melbourne, Viena, Joinville, Varsóvia, Porto Alegre, São Paulo, Berlim, Barcelona, Telaviv, Belo Horizonte e mais tantos outros horizontes pra gente abraçar. (Será que dá tempo?)

Tantos os cenários, rotas, línguas, rostos, janelas, fusos um tanto quanto confusos. Tantas as possibilidades profissionais e amorosas, conexões e escolhas, partidas e chegadas. Em que pé ou ponte aérea você está?

São tantos os tantos, e apenas um(a) de você. Que ainda não teve a sorte de ser clonado(a), apesar de todos os avanços tecnológicos que os cientistas andam produzindo por aí.  Que está feliz da vida em uma outra cidade ou país, se aprumando feito gente grande, mas que também sofre de falta, saudade e culpa por estar  longe. (Ai, como dói essa dicotomia. Corte quase profundo.)

Ah, se você pudesse ser clonado(a). Apresentar o projeto de marketing para a diretoria e ao mesmo tempo encher o seu pai de abraços pelo 65º aniversário dele, do outro lado do mundo. Fazer bonito com o doutorado e ainda cuidar da irmã doente, longe mais de 1500 km. Fazer a prova de alemão e ao mesmo tempo pegar um cineminha com o bem, distante um oceano inteiro. Matar um leão por dia e ainda encontrar a mãe na cozinha,  abraço e sopa quentinha. (Mas a mãe já dormiu faz tempo, deve estar sonhando com a filha que não vê há 3 meses…)

Acostumados que estamos com as dualidades da vida – dia e noite, sol e chuva, tristeza e alegria (o velho e bom “Ou isto ou aquilo” de Cecília Meireles), vamos nos cindindo por dentro, como se a geografia não bastasse. Ficamos bem de um lado e mal de outro, como se esta fosse a única alternativa possível. Ao invés de somar e multiplicar, subtraímos e dividimos, numa matemática que traz dor e inevitavelmente não nos deixa inteiros. Fragmentados vamos, como linhas pontilhadas deste vasto mapa-múndi.

Aí alguém te diz que vida foi feita para voar. Abrir asas, desancorar medos e receios, se encontrar no meio do caminho ao invés de se perder em meio a tantas indagações.  Com tudo o que aperta o coração, ele ainda é grande o bastante para caber um tanto enorme de gente. (Sente.)

O amor (como sempre, o amor) é capaz de transpor montanhas, fronteiras, alfândegas. Num instante, é como se a Oceania fosse logo ali, colada na América do Sul. Foi pra lá que partiu uma moça bonita, cheia de brilho nos olhos,  carregando malas e a dicotomia de viver longe de casa, rimando felicidade com saudade.  (Outro dia nos reencontramos no Instagram, tão longe tão perto, e ela meio que me soprou o tema.)

A encomenda foi aceita com alegria, Natália querida. Foi um jeito bom e inspirador de matar saudade e desejar a você toda inteireza do mundo. Este post é dedicado a você.

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