
Quem é que nunca sentiu o coração apertar de saudade?
Aperta, arde, salga, espreme, esperneia.
Saudade tem cheiro de mar, olhos parados lá longe, tontura de uma lonjura que parece não acabar.
Ai. Que bom que acaba. Que bom que a gente pode se perder na quentura boa de um abraço, até ninguém mais te achar.
Achou? Então vai lá e dá mais um. E outro. Mais um, mais um. É tanta saudade que já virou terapia do abraço.
Saudade com prazo de validade é a melhor coisa que existe. Afeto curtido, carinho estendido na ausência que se faz presente de maneira leve, gostosa. Já saudade ad eternum aperta tanto que quase para a circulação, chama o doutor, dor coagulada pode causar trombofilia no coração.
Tem gente que morre de saudade. Tem gente que vive de saudade.
Na impossibilidade de um reencontro concreto, resta a possibilidade de outros abraços. Abstratos, mas não menos carregados de um amor que atravessa o tempo e a dor. Chama o pensamento, acorda a memória e vai. É fechar os olhos e abraçar a lembrança, o sorriso eternizado, tudo que foi história, o vínculo jamais perdido. No silêncio de um abraço, o coração vai desapertando pra caber quem já se foi; e que na verdade nunca irá. (Saudade a gente sente de quem está longe, lembra deste outro post meu?)
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