Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Família

Qual é a "sua Disney"?

03 February, 2015

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Era uma vez um homem cheio de ideias na cabeça e sonhos no coração. Riscando do dicionário a palavra “impossível”, pôs-se a desenhar ratinhos, esquilos, patos, princesas, fadas e castelos. Seus rascunhos ganharam asas e voaram pelo mundo, enchendo de brilho os nossos olhos.

Ah, Walt Disney, como eu gostaria de ter te conhecido. Assentar-me à mesa com você em um  almoço de domingo e cantar “Be my guest, be my guest!…”. Que prazer seria recebê-lo em minha casa e ficar horas ouvindo a sua história, saber de onde tirou tanta inspiração. Como não tem jeito, te encontro de outras formas: em alto-mar, em terra firme, nos filmes e canções, no sorriso dos meus filhos, na menina que fui um dia.

Na minha época a Disney não era tão “logo ali” como é hoje, e costumava-se dizer que crianças muito pequenas  não aproveitariam tanto, pouco se lembrariam. Hoje elas já nascem encantadas, apresentadas desde cedo a este colorido mundo de emoção e fantasia. Geração Mickey Mouse, Montanha-russa, “Where dreams come true”, como não aproveitar? Como esquecer?

Fui rascunhando este post numa fila de setenta minutos, esperando chegar nossa vez na recém-inaugurada montanha-russa dos Sete Anões. Apesar do cansaço, do frio e das refeições nada balanceadas, me realizei através dos olhos deles. De um Léo e uma Bella que não queriam mais nada na vida além de brincar de realizar sonhos, viveriam ali para sempre se pudessem.

E foi ali, naquela fila, que eu parei meus olhos e voltei no tempo. Casa de vó, quintal florido de hibiscos, chinelo azul virando tapete de Aladim, carrinho de enfeite deslizando pelo corredor feito barquinho do “It’s a small world”, neta cercada de mimos e chocolate e paparico, eu era princesa e não sabia. Minha avó deixava de dormir com o meu avô para dormir no quarto comigo, ela na cama e eu na bicama, um aconchego só. Aí um dia eu acordei e ela não estava lá, como de sempre. Pingo de gente que era aos quatro anos de idade, chorei feito gente grande ao ver a cama vazia, talvez já intuindo que ela também havia virado Bella Adormecida, adormecida para sempre.

Ah, vó, que saudade. Molhei meus olhos e abracei o tempo. Sua casa era a minha Disney.

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