Outro dia estávamos tomando café da manhã fora e, depois da terceira vez que a Bella me falou que queria fazer cocô (nunca vi tanto encantamento em passear no banheiro – cocô que é bom mesmo nada…), o Dé entoou o clichê universal:
– “Ser mãe é padecer no paraíso!…”
– “Que que é padecer, mãe?” – perguntou ela.
Ah, minha filha, um dia você vai entender… Um dia você vai viver a alegria que é acordar com chorinho no meio da noite e experimentar o fascínio da amamentação. E põe pra arrotar. Troca fralda. Dá o outro peito. Embala pra dormir. Troca fralda de novo. Gotas homeopáticas para cólica. Mantas macias para aconchegar o colo.
Você não imagina o trabalho que dá, filha. Mas é um trabalho bem braçal. Deliciosamente braçal. Depois os filhos crescem e aí é que são elas. Operação tira fraldas. Operação tira bico. Dizer sim. Dizer não. Pode. Não pode. Castigo. Pirraça. Olha a educação. Seja obediente. Faça o para-casa. Escove os dentes. Hora de tomar banho. Nada de brigas. Reze antes de dormir.
Este é o trabalho educacional, filha. Este é que dá trabalho, pano pra manga, ruga e cabelo branco. Isso porque eu nem cheguei ainda na adolescência.
Calma, mãe. Um dia de cada vez. E cada segundo com a certeza de que maternidade é sinônimo de felicidade. Emoção especial. Alegria pra vida toda. Razão de ser. Sentido de vida. Preciosidade maior do mundo.
* Dedico este post à minha amiga Tiça, que ganhou o Davi de presente há 13 dias. E à minha mãe, que não tenho palavras para agradecer tudo o que ela significa na minha vida. E a todas as mães do mundo, anjos com o dom de abrir e iluminar caminhos.
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