Carnaval, rèveillon, Natal. Não importa a época ou lugar, um desejo é sempre um desejo. Silencioso, escondido, segredo materializado em uma pequena moeda que, no instante em que é atirada à água, se diferencia de todas as outras pela esperança que carrega.
Superstição ou não, passar perto de um poço e não arriscar um pedido é tarefa para os indiferentes. Nem que de brincadeira, atire lá seu desejo, brinque de faz-de-conta, transforme aquela pequena circunferência metálica em um valioso objeto encantado.
Na nossa última viagem de férias havia sempre um poço no caminho. Afinal era Disney, “where dreams come true”, terra da fantasia, Carnaval todo dia. Sempre um poço no caminho, talvez para lembrar que o nosso desejo era uma ordem, ali tudo podia acontecer. Tudo, inclusive o fascínio de uma menininha pelo tanto de moeda reluzindo no fundo do poço, uma verdadeira mina de ouro.
É claro que estou falando da Bella e mais uma de suas perolices. Mais parecendo “Alice no país das maravilhas”, a pequena se debruçava sobre o poço visivelmente encantada. No riozinho do “It´s a small world” ela não se conteve:
– Mãe, por que que eu não trouxe a minha máscara de mergulhador? Olha o tanto de moedas que eu ia poder pegar!… Ia ser o meu tesouro!…
– Filha… Esse riozinho não é feito para mergulhar… E mesmo se fosse, cada moeda dessa tem dono… alguém que fez um pedido, entende?
– Ahhhh… Mas eu não posso pegar nenhuma moedinha?
– Não, dá azar pegar “o desejo” dos outros…
Foi quando o pai interveio:
– Toma aqui uma moeda, Bella. Agora você joga e faz um pedido.
Com a cara mais sapeca do mundo, ela segurou firme a moeda e ficou pensando, pensando, os olhos brilhando.
– Um desejo? (…)
Meu desejo é ficar com a moeda!
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