Olho para mim e te vejo, mãe. Muito além da porção genética que nos confirma, muito além do jeito, do sobrenome, da escrita, da profissão que escolhi amar; muito além de tudo o que nos torna tão iguais, tão afins, vejo você através do amor que me atravessa. Não é pouco. É lindo e tenro e enorme desde sempre; desde o dia em que você me tomou no colo e seu choro de emoção encontrou o meu, choro assustado de quem acabou de nascer. Impossível não ver.
Daí em diante nasceram tantas outras coisas – afeto, palavras, escuta, torcida; valores, cuidados, ensinamento, postura; música, poesia, mais um tanto de emoção, travessia. Longos caminhos os seus, diferentes um tanto quanto dos meus. Apesar de tudo o que nos liga (laços de vida para uma vida inteira), cada uma tem a sua história, seu destino, sua estrela pra acender. E no que se fez próximo, comum, continuidade, você encheu de luz e bênção cada pedaço de chão que eu caminhei. Ainda caminho, já não mais no ninho, seu amor é sol na estrada.
Se sou o que sou, se vim de onde vim, é porque há uma porção enorme de você em mim.
Tantas vezes já te disse obrigada (“palavrinha mágica”, lembra?) e você respondeu: “Que isso, minha filha, essas coisas não precisa agradecer.”
Precisa sim, mãe. Todos os dias, todas as horas, cada segundo da minha existência tem um quê (um imenso e eterno quê) de você.
Muito obrigada.
Com todo o meu amor.
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