Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Filhos

"Palavrinha mágica"

09 May, 2015

1795589_635474809821615_1180385329_nOlho para mim e te vejo, mãe. Muito além da porção genética que nos confirma, muito além do jeito, do sobrenome, da escrita, da profissão que escolhi amar; muito além de tudo o que nos torna tão iguais, tão afins, vejo você através do amor que me atravessa. Não é pouco. É lindo e tenro e enorme desde sempre; desde o dia em que você me tomou no colo e seu choro de emoção encontrou o meu, choro assustado de quem acabou de nascer. Impossível não ver.

Daí em diante nasceram tantas outras coisas – afeto, palavras, escuta, torcida;  valores, cuidados, ensinamento, postura; música, poesia, mais um tanto de emoção, travessia. Longos caminhos os seus, diferentes um tanto quanto dos meus. Apesar de tudo o que nos liga (laços de vida para uma vida inteira), cada uma tem a sua história, seu destino, sua estrela pra acender. E no que se fez próximo, comum, continuidade, você encheu de luz e bênção cada pedaço de chão que eu caminhei. Ainda caminho, já não mais no ninho, seu amor é sol na estrada.

Se sou o que sou, se vim de onde vim, é porque há uma porção enorme de você em mim.

Tantas vezes já te disse obrigada (“palavrinha mágica”, lembra?) e você respondeu: “Que isso, minha filha, essas coisas não precisa agradecer.”

Precisa sim, mãe. Todos os dias, todas as horas, cada segundo da minha existência tem um quê (um imenso e eterno quê) de você.

Muito obrigada.

Com todo o meu amor.

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