Semana passada recebi um convite inusitado pelo whatsapp, vindo de uma pessoa muito querida: “Ei, tá boa? Gosta do Fábio Jr? Tô com um lugar na minha mesa, pro show desse sábado, quer ir?”.
Estava em atendimento, só fui ver um tempo depois. Quando pude responder, já havia outra mensagem dela: “É brega, eu sei.”
Nunca me ocorreu ir a um show do Fábio Júnior (não sou fãããã…, muito menos desvairada, como duas cunhadas lindas que eu tenho), mas achei o convite uma delícia. Primeiro pela companhia, pela farra, pelo evento em si. Depois porque o moço tem charme, carisma, amor correndo nas veias e um repertório que a minha geração conhece bem. (Se você faz parte dela, conhece bem “Felicidade”, “Alma gêmea”, “O que é que há?”, “Quando gira o mundo”.)
Pois lá fui eu, feliz da vida. A plateia, majoritariamente feminina, deu um show à parte: beleza, leveza e alegria em uma cantoria afinada acompanhando com os braços cada refrão. Do alto dos seus 64 anos o danado do moço ainda en-canta, é preciso reconhecer, cada letra um monte de suspiros. Saí um pouco de cena, pus pra conversar a redatora publicitária que fui com a psicóloga que sou e fiquei pensando no quanto os homens precisavam ouvir mais Fábio Jr. Brega ou romântico por natureza, ele sabe dizer o que uma mulher quer ouvir. Elas se desmancham, use isso a seu favor, querido leitor.
Contei tudo isso para chegar no “Pai”. No dele, no meu, no seu. Quando essa música começou a tocar, olhei para a minha amiga e disse: “Ai.” (Quantos ais cabem nessa palavra que a gente aprende a falar tão cedo… Quanto amor, quanto colo, quanta história, gratidão, ensinamento e afeto resumem essas três letrinhas. Quanta saudade e emoção também, é o que sente quem já atravessou a dor de perder quem jamais deveria ter ido embora.)
O tempo passa e essa música continua linda. Uma conversa de filho pra pai, quase uma declaração de amor, nó na garganta abordando o tempo, o sentimento, o afeto, a relação dos dois, enfim. E aí não tem jeito: essas três letrinhas vibram dentro da gente, cada um a seu modo, pela história que tem pra contar. (Ou cantar).
E aí eu te chamo, pai. Te encontro dentro de mim, fora também, a cada bom dia e boa noite, a cada abraço e café da manhã de domingo, a cada riso, prece e alegria que vem dessa nossa composição, dessa nossa sintonia. Que privilégio poder amar você, com todo amor que cabe dentro de mim – letra, rima, ritmo, melodia. Melhor não aparecer nenhum microfone na minha frente. Senão eu juro que canto pra você.
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