Cresci ouvindo isso da minha mãe: “primeiro a obrigação, depois a devoção”.
Aprendi direitinho, tintim por tintim, letra por letra.
Tinha também a outra versão de rima: “primeiro o dever, depois o lazer”.
Ah, mães. Hoje sei bem o que é isso, conheço bem essa toada, e tento passar pros meus filhos de tudo quanto é jeito. Tá impregnado, tá na pele, tá virando quase um mantra: obrigação, ão… ão… ão… ão…
Só que ao invés de relaxar, põe é pilha. Claro. “Um dois, feijão com arroz.” Bora bora, vamos aproveitar o tempo, cuidar do que é prioridade para aproveitar depois a felicidade do tempo livre. (E quem disse que tempo ocupado não é felicidade? Ô, se é.)
Olha eu aqui, burlando a regrinha básica que a minha mãe me ensinou. Enquanto você passeia pelo blog, tem uma pilha de livros pra eu ler e artigos pra escrever. Obrigação da pesada, estou até parecendo o coelho da Alice no País das Maravilhas: “É tarde! É tarde, é tarde, é tarde!”
E eu, mistura de coelho e gente, quase estou ouvindo a minha orientadora dizer : “primeiro a obrigação, depois…”
(Ela é que não sabe o tanto que essa devoção aqui
me enche de inspiração.)
Fui. “É tarde, é tarde, é tarde!”.
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