Ontem tive mais uma agradável aulinha com o meu professor Hallen, “americano da gema”, pra desenferrujar o inglês que ficou um tempo parado. Levei um texto do New York Times pra gente ler, sobre insônia, e ele me contou que coincidentemente sofre deste problema. Como mora na Avenida Afonso Pena, sua distração é ir pra varanda ver o movimento, os carros, o cair da madrugada. De tanto ficar com os olhos e ouvidos abertos, acabou fazendo uma interessante “pesquisa de campo”, e compartilhou comigo suas conclusões:
*Do lado direito da avenida, no sentido de quem desce, o ponto é dos travestis.
*Do outro lado, subindo, quem manda são as mulheres. Tudo bem dividido.
*Do lado direito se vê muito mais “mulherão” do que no lado esquerdo. Cada loira de cair o queixo.
*Do lado esquerdo volta e meia param Unos, Celtas e outros carrinhos básicos.
*Do lado direito, a parada é dos Corolas, Citroens e outros carrinhos sofisticados dirigidos por bem-vestidos homens na faixa dos 40.
* Os quarentões preferem “conjugar seus verbos” na voz passiva, deixando os travestis na ativa.
(…)
Fico imaginando o que pensam e sentem esses homens na “idade do lobo”, geralmente casados e com filhos.
Desejo? Curiosidade? Fetiche? Ambivalência? Falta? Necessidade?
Já estudei no mestrado a dor e angústia daqueles que não aceitam o sexo que têm. Mas qual seria a dor e angústia destes bem-sucedidos homens engravatados, casados, viajados e insones, que batem ponto de madrugada?
Talvez nem dor nem angústia. Prazer.
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