Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Amor

New York, New York

18 September, 2015

FullSizeRenderIMG_7991Fui ali e volto já.

Voltei.

Peguei meu amor e fui dar uma voltinha em Nova Iorque. Coisa rápida, nada programado, dessas oportunidades que a gente não pode deixar passar. Ainda mais se aquele destino sempre esteve na lista dos sonhos grifados com marcador de texto amarelo. Ok, tiquei, let´s go, carpe diem, eu sempre digo.

Um dia antes da viagem eu me vi no sacolão, entre bananas e laranjas, deixando tudo ajeitado para as crianças (ainda bem que inventaram os avós) e pensando no tanto que eu gosto dessa coisa chamada rotina, por mais previsível que seja. E no tanto que eu também amo viajar, essa “desrotina” deliciosa. E foi assim, diante da banca de hortaliças, que eu senti o coração ligeiramente espremido por deixar uma rotina inteira por aqui. Vai entender.

Passou logo a sensação de “estreitamento cardíaco”, assim que o avião alcançou as estrelas. Troquei as bananas pela “Grande Maçã” com direito a uma intensa rotina de pontos turísticos, coloridas linhas de metrô, museus que não me deixavam ir embora. (O Metropolitano foi de tirar o fôlego, acho que fui hipnotizada).

A cidade que nunca dorme acordou dentro de mim com suas luzes, esquinas, Frank Sinatras, quintas avenidas, highlines, liberdade. Ufa. Mãe também tem direito a umas feriazinhas de vez em quando.

Como pode uma cidade tão estressante ser também tão fascinante? “New Yooooork! Concrete jungle where dreams are made of, there’s nothing you can’t do, now you’re in New York”, Alicia Keys não me sai da cabeça.

Vi gente apressada, afobada, culta, hippie, altamente diversificada. Entre um semáforo e outro cheguei a pensar que não rezam, não meditam, bem-vindo à cidade da espiritualidade perdida. (Aí entro no Central Park e refuto a mim mesma, descubro outras cenas e refúgios, gente respirando leveza, remando um barquinho, jogando conversa fora, crianças na grama segurando seus balões coloridos.)

Vi gente louca na rua, fazendo careta e falando sozinha. Vi gente louca nos famosos táxis amarelos, buzinando como se o mundo fosse acabar ontem, em barranco. Vi gente louca de dor no dia 11 de setembro, deixando flores no vazio das torres. Vi “gente” louca de emoção no Museu Judaico e na plateia do Fantasma da Ópera, ouvindo “All I ask of you”.  Nova York é mesmo de enlouquecer. Em todos os sentidos.

E aí acontece o que sempre acontece em roteiros assim: eu saio de Nova York mas Nova York não sai de mim.

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