Mãe. Apenas 3 letrinhas e um chamamento universal que dispensa maiores explicações. Uma das primeiras palavras que a gente aprende a falar e continua falando a vida toda, mesmo quando essa entidade de amor já não está mais aqui, mas acolá, nos iluminando como as estrelas bem sabem fazer. (Fazer o quê, se elas têm mesmo que ir embora?… Chorar, sentir, amar. Apesar dos nossos apelos, tão bem representados por Drummond em seu poema “Para sempre”, elas se vão um dia. E ainda assim, enchemos os olhos para falar delas – mãe, mãezinha, mamãe, onde estás que não respondes?…) Mãe é referência de vida pra vida toda, amor que corre nas veias e desagua em memórias as mais profundas e significativas. (Freud que o diga.)
O texto parece propaganda de Dia das Mães, em pleno dezembro, mas não é. Difícil falar de mãe sem tocar na emoção que o tema carrega. Acabei me distraindo um pouco no teor dessa emoção, mas o que me traz aqui hoje é uma questão prática, cotidiana, não menos tocante e reflexiva.
Tenho visto e ouvido alguns filhos – especialmente filhas – no calor da sua pré-adolescência e adolescência propriamente dita, às voltas com seus hormônios, espinhas e indagações – chamando a mãe não por mãe, mas pelo nome como elas são chamadas pelos amigos mais próximos, pelos colegas de serviço, pelo gerente do banco – Tatiana, Rafaela, Cláudia, Eduarda, Maria, enfim, qualquer que seja o nome gravado no seu RG.
– “Tatiana, vamos embora?”
– “Que saco, Rafaela!”
– ” Cláudia, você ainda não entendeu?”
Muitas vezes, ao nome de batismo é seguido um tom de ironia, impaciência, irritação. Ao contrário do sonoro e respeitoso mãe, o que se escuta é uma quebra de hierarquia, inversão de papéis, estranha tentativa de falar de igual para igual com quem jamais se faz igual. Não. Não cabe um nome comum nessas três letras que traduzem um alfabeto inteiro.
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