Renata Feldman

Renata Feldman

Psicóloga e Escritora

Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Amor

Idílio Parte III

02 May, 2014


Ah, Bordeaux. Lagos, flores, castelos, vinhedos, pôr do sol rosado. Só faltava uma coisa para essa linda cidade ficar completa: Diego. Algo estava definitivamente fora do lugar: Marina na França, o namorado no Brasil, um oceano inteiro de saudade entre os dois. Ah, como doía. Os emails eram enooooooooooormes, e o Skype ficava conectado uma eternidade.
As notícias que chegavam dos amigos e da irmã de Diego eram uma só: “Ele está curtindo a maior fossa. Triste, sozinho, faltando um pedaço.”
Au revoir, Bordeaux. Voltar seis meses depois foi um grande alívio, uma emoção sem tamanho. Depois de beijos, abraços, apertos e declarações de amor, um jurou ao outro que nunca mais iria ficar longe tanto tempo. Poderiam até estudar e trabalhar na China, Etiópia ou Japão, mas iriam juntos.
E aí vem o destino, mais uma vez, bagunçar tudo. Um mês depois que Marina havia chegado, ainda em clima de matar saudade, Diego é chamado para preencher uma vaga de intercâmbio – bonjour! – também na França, daí a cinco meses. Ele havia se candidatado no ano anterior, não conseguiu a vaga, a pessoa que ia desistiu, ele foi acionado. Oui. Ironias do destino, nada é por acaso, qual mais explicação você daria?
A namorada custou a acreditar que aquilo estava acontecendo, como podia acontecer? Logo depois que juraram um para o outro não ficarem longe nunca mais?
Mudança de planos, c’est la vie. Diego ficou desorientado de alegria, ia abraçar a oportunidade tão sonhada, Marina não se sentia no direito de ficar triste. Afinal de contas, um ano antes era ela que havia passado pela mesmíssima situação e ele não arredou pé do seu lado: apoio permeado de compreensão, torcida e afeto.
Reunindo forças, chorando por dentro, Marina entrou na sintonia de felicidade e euforia de Diego até a viagem acontecer.
Antes dele partir fizeram uma linda viagem para o Rio, idílio de despedida, a cidade maravilhosa ficou pequena para caber tanto amor.
Fato é que Diego arrumou as malas e se foi. Como não ir, afinal? Tão novo, tão capaz, tão em busca de formação, profissão, brilho nos olhos? Foi carregando Marina com ele, na cabeça, na alma e no coração.

* Belo Horizonte e Paris, tão longe. No próximo post.

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