Ah, Bordeaux. Lagos, flores, castelos, vinhedos, pôr do sol rosado. Só faltava uma coisa para essa linda cidade ficar completa: Diego. Algo estava definitivamente fora do lugar: Marina na França, o namorado no Brasil, um oceano inteiro de saudade entre os dois. Ah, como doía. Os emails eram enooooooooooormes, e o Skype ficava conectado uma eternidade.
As notícias que chegavam dos amigos e da irmã de Diego eram uma só: “Ele está curtindo a maior fossa. Triste, sozinho, faltando um pedaço.”
Au revoir, Bordeaux. Voltar seis meses depois foi um grande alívio, uma emoção sem tamanho. Depois de beijos, abraços, apertos e declarações de amor, um jurou ao outro que nunca mais iria ficar longe tanto tempo. Poderiam até estudar e trabalhar na China, Etiópia ou Japão, mas iriam juntos.
E aí vem o destino, mais uma vez, bagunçar tudo. Um mês depois que Marina havia chegado, ainda em clima de matar saudade, Diego é chamado para preencher uma vaga de intercâmbio – bonjour! – também na França, daí a cinco meses. Ele havia se candidatado no ano anterior, não conseguiu a vaga, a pessoa que ia desistiu, ele foi acionado. Oui. Ironias do destino, nada é por acaso, qual mais explicação você daria?
A namorada custou a acreditar que aquilo estava acontecendo, como podia acontecer? Logo depois que juraram um para o outro não ficarem longe nunca mais?
Mudança de planos, c’est la vie. Diego ficou desorientado de alegria, ia abraçar a oportunidade tão sonhada, Marina não se sentia no direito de ficar triste. Afinal de contas, um ano antes era ela que havia passado pela mesmíssima situação e ele não arredou pé do seu lado: apoio permeado de compreensão, torcida e afeto.
Reunindo forças, chorando por dentro, Marina entrou na sintonia de felicidade e euforia de Diego até a viagem acontecer.
Antes dele partir fizeram uma linda viagem para o Rio, idílio de despedida, a cidade maravilhosa ficou pequena para caber tanto amor.
Fato é que Diego arrumou as malas e se foi. Como não ir, afinal? Tão novo, tão capaz, tão em busca de formação, profissão, brilho nos olhos? Foi carregando Marina com ele, na cabeça, na alma e no coração.
* Belo Horizonte e Paris, tão longe. No próximo post.
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