Eles se gostaram, se enamoraram, se casaram. Combinaram de jamais perder o encanto, jamais desafinar o canto, jamais se perderem de vista.
Criaram um ritual de comemorar o aniversário de casamento todos os anos, sem direito a esquecimento, com flores e velas acesas, prestando constante homenagem ao amor.
Este ano, escapuliram para Ouro Preto. Viraram rei e rainha no Solar do Rosário, brindando em largas taças de vinho, celebrando a data com boas lembranças e antigas histórias deles dois.
As contas, o síndico, a empregada, o chefe e tantos outros assuntos rotineiros ficaram no pó da estrada. Marido e mulher viraram namorado e namorada. Risoto pra ele, peixe pra ela; petit gateau pra ele, creme brullè pra ela, licor de jabuticaba irmamente dividido entre os dois.
Saíram de lá abraçados, descendo a rua de pedras rumo à igreja, agradecer a Deus e todos os anjos pelos oficiais dezenove anos juntos – e outros tantos espirituais, eles tinham certeza.
Igreja cheia, casamento na certa. Os dois, de barriga e coração cheios, sentaram-se no chão para ver a noiva chegar. Começou a cair uma chuva fina, sinal de bom agouro.
Entraram pra igreja sem terem sido chamados, olhos molhados pelo céu, pela música e pela emoção de renovar os votos de um jeito tão especial e simbólico.
Saíram abraçados na chuva, lavando a alma e levando história, deliciosamente bem-casados.
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