Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Filhos

Giovana

22 November, 2012

Bebês, chorinho, colo, cheirinho. A maternidade sempre me encantou, desde a notícia do Beta HCG até a emoção singular do nascimento. Tanto encantou que acabou virando dissertação de mestrado, quase um parto, não vejo a hora de dar à luz.
Quando não sou mãe sou madrinha, tia coruja, quem precisa de babador sou eu.
Numa disciplina de psicanálise me peguei fascinada pela teoria da identificação, em que o bebê se constitui, torna-se alguém, através do olhar da mãe. (Leia-se também pai, padrinho, madrinha, irmãos, vô e vó…).
A clássica cena da amamentação traduz na prática esse “olhos nos olhos” que fazem parar o tempo, abrindo as janelas da alma. “Esse seu olhar… quando encontra o meu… fala de umas coisas que eu não posso acreditar…”
Se o feriado passado fosse um música, com certeza seria Tom Jobim a embalar minha alegria. Honra e alegria de ser madrinha da Giovana, filha de amigos queridos, a uma distância de quase 800 km daqui.
Pageei a Giovana de longe, antes dela nascer. Amei a Giovana de perto, antes mesmo de a conhecer. E quando o encontro finalmente aconteceu, tudo isso não passou de mera e linda confirmação.
Bochechas sorrindo, trinado de passarinho, aconchego de colo, rosto colado no meu. Na hora do batizado, em que seria natural que ela chorasse, só fazia rir pra mim.
Mas o que mais me tocou foram os olhos de Giovana adentrando os meus. Olhos que no final das contas se fundiram, desapareceram para dar lugar a um olhar cheio de ternura e doçura. Parecia que já nos conhecíamos há muito tempo.
E esse olhar me dizia tanto, mas tanto, que madrinha e afilhada quase se perderam de tanto amar.
Contrariando a teoria, Giovana, foi você que foi me constituindo através da luz desse seu olhar.

Compartilhar este post

Posts Relacionados

Carta à Clarice Lispectoremoção

Carta à Clarice Lispector

Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage

13 de out. de 2025Ler mais →
Foi-sevida

Foi-se

Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na

1 de set. de 2025Ler mais →
Estou aqui.cinema

Estou aqui.

Sim, eu sei. Perdi o timing. Me perdi em meio à minha emoção, à minha ação. (Acho que fiquei paralisada, fora do ar, sem palavras.) Aí a vida veio passando, outros filmes também, e aqui estou: atrasada feito o coelho da Alice, "é tarde, é tarde, é tarde", mas aqui estou. Preciso ticar essa pendência. Check. Pode ser que você não leia, já tenha se saturado com o assunto, vou entender. Mas preciso escrever, a dívida é comigo mesma. E antes que você vá embora, te adianto um pequeno spoiler: o post

28 de jul. de 2025Ler mais →

Comentários

Seja o primeiro a comentar!