Bebês, chorinho, colo, cheirinho. A maternidade sempre me encantou, desde a notícia do Beta HCG até a emoção singular do nascimento. Tanto encantou que acabou virando dissertação de mestrado, quase um parto, não vejo a hora de dar à luz.
Quando não sou mãe sou madrinha, tia coruja, quem precisa de babador sou eu.
Numa disciplina de psicanálise me peguei fascinada pela teoria da identificação, em que o bebê se constitui, torna-se alguém, através do olhar da mãe. (Leia-se também pai, padrinho, madrinha, irmãos, vô e vó…).
A clássica cena da amamentação traduz na prática esse “olhos nos olhos” que fazem parar o tempo, abrindo as janelas da alma. “Esse seu olhar… quando encontra o meu… fala de umas coisas que eu não posso acreditar…”
Se o feriado passado fosse um música, com certeza seria Tom Jobim a embalar minha alegria. Honra e alegria de ser madrinha da Giovana, filha de amigos queridos, a uma distância de quase 800 km daqui.
Pageei a Giovana de longe, antes dela nascer. Amei a Giovana de perto, antes mesmo de a conhecer. E quando o encontro finalmente aconteceu, tudo isso não passou de mera e linda confirmação.
Bochechas sorrindo, trinado de passarinho, aconchego de colo, rosto colado no meu. Na hora do batizado, em que seria natural que ela chorasse, só fazia rir pra mim.
Mas o que mais me tocou foram os olhos de Giovana adentrando os meus. Olhos que no final das contas se fundiram, desapareceram para dar lugar a um olhar cheio de ternura e doçura. Parecia que já nos conhecíamos há muito tempo.
E esse olhar me dizia tanto, mas tanto, que madrinha e afilhada quase se perderam de tanto amar.
Contrariando a teoria, Giovana, foi você que foi me constituindo através da luz desse seu olhar.
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