Típico e delicioso programa em família depois de um típico e delicioso almocinho japonês: “Frozen, uma aventura congelante”, mais uma superprodução da Disney.
Pra gente pequena, os olhinhos por trás dos óculos 3D se fixam no afeto entre duas irmãs, paisagens geladas, brincadeiras de infância, poderes especiais e o velho duelo entre o bem e o mal.
Pra gente grande, dá pra ir um pouco mais longe. Do coração congelado à depressão paralisante, petrificante, que manda fechar as portas do castelo e te isola do mundo: até da irmã “ensolarada”, tão cheia de luz e vida. Depressão que cria abismos, lanças pontiagudas de gelo e assustadores monstros de neve. No filme, poder especial; na vida ao vivo e em cores, doença, falta de serotonina, química cerebral, mundo em preto e branco.
Em Frozen o inverno é constante, dilacerante, pra sempre. Já imaginou viver eternamente no cinza, no frio, no Alasca?
Esta é a sensação que muita gente tem quando está vivendo um problema grave. Seja de cabeça, coração, dinheiro, profissão, o que for, a sensação é que a imagem estará para sempre congelada. Mas aí é só lembrar a última vez que você chorou, sofreu, doeu, ficou trancado no quarto.
Passou, não passou? Pode até ter deixado sequelas, mas a vida continuou, isto é certo. Até a neve se transforma, aí está o sol que não me deixa mentir.
Pra quebrar o gelo e fabricar o riso, o ponto alto do filme: um divertido boneco de neve falante, que ora perde a cabeça, ora desloca a cenoura do nariz para o meio da testa, mais parecendo um unicórnio, mas sem nunca perder o bom humor.
Pra aquecer o coração, é preciso olhar para ele. Ouvir suas batidas, calma e amorosamente, como bem ensinou a professora de ioga do post anterior. Depois de ouvir, encher de amor, essa palavra tão batida e linda.
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