Adoro filmes infantis. Apesar de serem feitos para crianças, atingem em cheio os adultos, grandes crianças que são, tocadas por temas que lhes dizem muito respeito – auto-estima, amor próprio, felicidade, relação entre pais e filhos, etc.
Nem todos os filmes dá pra assistir. A vovó Clara passa na minha frente, pega os meninos e lá vão eles pro cinema, felizes da vida.
Kung Fu Panda foi assim. E como eu não quero perder o 2 por nada desse mundo (mas também não quero pegar o bonde andando), fiz um baldão de pipoca e assistimos ao filme, eu e o Léo. (A Bella, esbodegada da escola, já tinha virado Bela Adormecida faz tempo.)
Se é pra fazer uma reflexão, lá vai: comida.
Temos um urso panda, gordinho por natureza, que trabalhava com o pai (um pato!) fazendo macarrão. Urso engraçadinho, espirituoso, cheio de garra e empenho para conseguir o que quer: ser um grande lutador de Kung Fu.
No meio do filme, chateado pelos obstáculos que encontra no caminho, o mocinho do filme vai pra cozinha e se empanturra de biscoitos. Come, come, come até dizer chega. Até o seu mestre aparecer e testemunhar a sua gula. Ao que ele justifica tristemente:
– É… Quando eu fico chateado eu como.
Corta. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Quantos(as) ursinhos(a) panda você não conhece por aí?
Você mesmo(a), confessa que nunca abriu uma caixa de chocolate pra curar dor de cotovelo?
Espaços vazios. Abismos dentro da alma. Fome. Sede. Gula. Falta.
E aí vem o biscoito, a macarronada, o bombom, a pizza para prencher o que está oco. Para compensar a falta de alegria, amor, serenidade, afeto, equilíbrio. Pseudo-prazer que logo vira desprazer. Vira culpa, dor no estômago, quilos extra.
Chega de pipoca. Hora de escovar os dentes, dormir um sono bom e alimentar a alma de sonhos.
Boa noite, caro(a) leitor(a).
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