E depois de muito filosofar sobre Deus, minha Bella vai crescendo cheia de “comos” e “por quês”, ora perguntando, ora afirmando, atenta aos mínimos detalhes do que acontece no mundo.
– Mamãe, como é que faz canudo?
– Por que que o copo é redondo?
– Por que que o carro bate?
– Como é que o cabelo cresce?
– Se o papai não voltar de viagem hoje, acho bom eu dormir com você pra te fazer companhia…
– Melhor desenhar a menininha sem nariz mesmo. Se não vai ficar parecendo que ela tem um terceiro olho.
– Quero ir pra Itaipava com a vovó!
– Amanhã é depois de hoje?
– Os meninos são tão complicados!…
– Ah, vou dormir. Cansei de pensar! (…)
Há uma semana, do nada, anunciou no almoço que queria cortar o cabelo. Chanelzinho.
Sem pestanejar peguei o telefone e marquei o salão para os próximos trinta minutos. Antes que ela desistisse.
(Há um mês tentava convencer a pequena e nada. Personalidade forte, não abria mão do cabelo grande de jeito nenhum.)
Curiosa, tive que perguntar:
– Ué, Bella, o que deu em você?
– É que eu tava andando lá no pátio da escola, e vi a minha sombra. De cabelo curto. Achei tão bonito, mamãe, que tive inveja de mim. (…)
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