Renata Feldman

Renata Feldman

Psicóloga e Escritora

Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Filhos

Filhos crescem, fazem greve, dão saltos

20 June, 2017

Quem acompanha o blog há mais tempo já está familiarizado com as “perolices” do Léo e da Bella: frases inusitadas, tiradas cheias de graça, espontaneidade que só mesmo as crianças sabem fabricar.

Pra não esquecer nenhuma pérola no baú da memória, fui registrando por aqui um pouquinho dos meus filhos  no seu cotidiano cheio de perguntas e respostas, pequenos aventureiros na sua deliciosa missão de descobrir o mundo.

Lançar âncoras, emoção à vista: as crianças vão crescendo e as perolices também se transformam. Gentil e amorosamente vão dando lugar a outras preciosas coleções de risos, indagações, espinhas na testa, questionamentos, segredos, música, silêncio, resmungos, caça-palavras, conversas de gente grande, minutos-felicidade. Ah…, e como é bonito vê-los crescer,  desbravar oceanos, zarpar rumo à travessia singular de cada um.

A pequena Bella não só cresceu como também tomou um gosto enorme pela leitura (inclusive do blog). Como eu esperava, amou ver seu nome protagonizando histórias tão suas, das quais muitas vezes nem se lembrava. Empolgada, veio me pedir para escrever mais perolices (como se dependesse de mim fabricá-las).

Seu pedido, é uma ordem, Bebella. Lembra da paralisação do último dia 28 de abril, que dividiu o país entre aqueles que foram às ruas e os que foram trabalhar? Você teve aula no dia, e quando eu fui te acordar você deu um jeito de se esconder inteirinha debaixo do cobertor e do travesseiro. Aí eu “te achei’ e você fez um apelo bem preguiçoso, quase histórico:  “Ah, mamãe, deixa eu fazer greve?!…”

E teve também perolice no último fim de semana, quando nós duas fomos fazer uma caminhada ao ar livre, dividindo o sol e os fones de ouvido, e eu te disse:

– É, Bebella, bora caminhar, porque ontem a gente exagerou no chocolate!…

Respostinha imediata:

– Você ficou feliz, num ficou?!

– (?!) Fiquei, ué. Feliz da vida!…

– Então, uai! É isso que importa!

E por falar em felicidade, o que dizer da sua carinha quando tem ovo e presunto no café da manhã?! Banquete de alegria. Mas aí vem “a sua mãe” pra te lembrar de um tal de colesterol, ai ai ai, e fica te regulando, preocupada com a saúde, blablablá… Até que um dia você me solta um belo de um desabafo, indignada:

– Quem é que inventou o colesterol?!? Eu quero a minha infância de volta!!!

Ah, Bebella, sua linda. Ainda bem que você ainda tem muito feijão pra comer e perolice pra colecionar, mesmo que do alto da sua pré-adolescência (não é assim que você se autointitula?). Independente da idade, que a sua essência seja sempre flor a perfumar a casa, mensagem de paz, poesia em plena luz do dia. Você é minha alegria, minha fábrica de chocolate, minha fadinha, minha perolice, minha pérola preciosa.

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