Renata Feldman

Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Vaso de orquídea
Família

Filhos dão um filme

04 February, 2018

Quem tem filho adolescente tem também um filme (vencedor do Oscar!) que vira e mexe passa na telona do coração. “Vale a pena ver de novo”, se emocionar de novo, tantas e quantas vezes for preciso.

Ontem mesmo você alisava a barriga, colecionava sapatinhos de tricô, frequentava curso de gestantes (“Como dar banho”, “como curar o umbigo”, como aprender coisas que só se aprende mesmo na prática. Coisas que o amor ensina sempre, diária e incansavelmente, como bom e velho professor que é).

Outro dia mesmo você estava amamentando. Achou a coisa mais fascinante do mundo. Achou a coisa mais difícil do mundo. Outro dia mesmo você estava lá na escolinha, primeiro dia de aula, cordão umbilical se rompendo mais uma vez, de forma exposta e oficial. Você com o coração apertado, a criança com o coração largo de alegria, pronta para descobrir o mundo. E quando ela se foi de mãos dadas com a professora, sem ao menos olhar pra trás, sem ao menos dar tchau, você descobriu que era você quem precisava de adaptação.

O flashback é gigante, deliciosamente nostálgico e cheinho de efeitos especiais. Noites em claro, choro, birra, para-casa. Pediatra, curva do crescimento, limites, irmãozinho. No meio de tudo isso casamento, carreira, trabalho, individualidade. (Ufa. Dá trabalho.)

Num infinito de temas e enredos, a maternidade corre antagônica: dores e delícias, alegria e preocupação pra vida toda. As mães se doam, se culpam, se esgotam de tanto amar, pude confirmar na minha pesquisa de mestrado.

É, mãe. O tempo passou como num passe de mágica, você nem viu. O rebento esticou, aprumou, encheu o rosto de espinhas e a cabeça de indagações. Quase sem perceber, com a sua espontaneidade de sempre, você foi sendo promovida  de mãe coruja a exímia fabricante de micos, para pânico do seu(ua) querido(a) adolescente.

Minha filha “pré-bem-vinda ao clube” me chamou para assistir “Fala sério, mãe!”, baseado no bestseller da Thalita Rebouças. Brinquei com ela: “Ih, você vai sair do filme falando ´Fala sério, mãe!´”. Rimos juntas e lá fomos nós para a fila da pipoca.

Saímos os três do cinema – pai, mãe e filha (o adolescente-mor estava viajando) —com a alma leve, fígado desopilado, algumas identificações feitas e (eu, claro) com algumas lágrimas pra contar a história.

Quem inicialmente não deu muito pelo filme (confesso) agora está aqui para recomendá-lo carinhosamente a você. Mesmo com todos os clichês, está aí um filme delicioso, leve e divertido que vai te conduzir, por associação e experiência própria, ao longa-metragem mais especial que você já produziu ou viveu um dia.

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