Num período histórico em que meninos hebreus tinham por decreto que morrer logo ao nascer, um bebê foi salvo. Aconchegado em uma cesta de junco, o pequeno Moisés foi enviado por sua mãe pelas águas do Rio Nilo.
A história é bíblica, faz parte do Antigo Testamento e foi parar nas telas do cinema. “Êxodo – Deuses e Reis” – é uma superprodução, envolvente do início ao fim, duas horas e meia que não vi passar.
O menino que foi salvo retribuiu gentilmente o seu destino, libertando os hebreus da escravidão do Egito com perseverança e coragem. De salvo passou a salva-dor, salvo pelo amor de Deus, pela fé que aprendeu a ter.
Antes de se encontrar “oficialmente” com Deus, Moisés encontrou a mulher da sua vida. A sós, logo após o rito de casamento, olharam-se nos olhos e trocaram as palavras mais lindas de amor, comprometimento e vínculo. Belo texto. Terno começo de uma longa travessia.
Êxodo nos lembra a força que tem o verbo acreditar, aliado ao sentir e agir; nos rememora a força de uma identidade que, quando abraça a fé, é capaz de remover montanhas e abrir o mar.
Ridley Scott estava inspirado quando colocou uma criança no papel de Deus. Pureza e força se misturavam a cada diálogo, mesmo quando havia desencontro ou incompreensão:
“- Vejo que às vezes você discorda de mim, mas mesmo assim continuamos conversando.” (Trecho da fala de Deus para Moisés.)
De uma lindeza comovente, tocante, o filme nos faz pensar nas nossas conversas diárias ou urgentes com Deus. No tanto que às vezes precisamos “segurar forte a mão Dele, quase até gangrenar.” Ouvi essa expressão de uma pessoa muito querida, que estava com a sobrinha no hospital, em um momento extremamente difícil:
“- Não está fácil, tia. Mas eu não largo nem por um minuto a mão de Deus. Seguro forte, apertado, nem sei como não dá gangrena. Mas a mão Dele eu não largo. De jeito nenhum.”
Achei tão lindo que pedi autorização para escrever isso, minhas mãos já coçando. A resposta veio ainda mais linda:
“- Minha sobrinha disse que não considera esta expressão dela, mas pertencente à humanidade. Mesmo que não verbalizada, é mundialmente adotada. Ela não leu em nenhum lugar, mas saiu do coração em um momento de enorme crescimento pela dor. Você pode usar como quiser, pois não há direitos autorais.”
Falta autoria mas sobra emoção. (Muito obrigada, queridas tia e sobrinha, por terem me inspirado a escrever este post.)
E assim, segurando a mão de Deus, a gente segue em frente. Olhando pra cima, buscando luz, amando a liberdade que nos tira da escravidão. Mesmo com todas as tempestades, pragas e percalços no caminho, mesmo com tudo que não tem explicação desde sempre, a gente vai. A gente chora e sofre e muitas vezes fica sem entender absolutamente tudo. Mas com fé a gente levanta, ganha força e fica de pé, ainda que com as pernas amputadas.
Comentários
Seja o primeiro a comentar!