Ontem o Léo chegou da aula todo entusiasmado.
– Mãe, hoje eu apresentei um teatro!
– É mesmo, Léo? Que bacana, me conta!
– Eu era Deus.
– Deus?! E o que você fazia?
– Eu não aparecia. Ficava debaixo de um lençol, lendo a minha fala.
Pensei um pouco e já fui filosofando:
– Às vezes é bom brincar de Deus, né, filho?
– É sim, mãe. Deus tem folga!
(…)
Depois do riso, continuo filosofando, conversando com o Léo sem dizer palavra, pelas vias do pensamento e do coração:
Ah, meu filho. Um dia você vai ver – não agora, Deus queira – que a última coisa que Deus pode fazer é tirar folga. Tanta gente dorme e acorda falando com ele, pedindo, chorando, implorando muitas vezes por um milagre.
Que Deus tenha uma poltrona bem confortável e uma bacia de água quentinha para descansar os pés de suas tantas andanças em busca de amor e paz. Mas que não perca nunca esse dom de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, olhando por nós e escutando as nossas preces, transformando escuta em luz e labuta. Trabalho é o que não falta.
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