Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Filhos

Detalhes tão pequenos

26 May, 2012

Domingo é dia de faxina lá em casa.
Tesourinha de unha, cotonete Johnson, mãe judia a postos no sofá esperando quem vem primeiro.
– Lé-eeeeo!…Be-llaaaa!…
A pequerrucha chega primeiro, estende as mãozinhas como se estivesse no salão de beleza e ainda pede esmalte. O pequerrucho demora, enrola, foge, reclama e acaba no sofá, inconformado.
Meu trabalho é minucioso: além de cortar as unhas tenho que tirar o excesso de massinha, argila, sujeira. Ok. Como diz um famoso slogan de sabão em pó, “se sujar faz bem.”
Depois de um desses “longos” rituais, louco para correr do sofá e continuar a brincar de lego, o Léo me solta essa:
– Mãe, por que as mulheres são tão “detalizadas”?
(…)
Ah, meu filho, nem te conto.
Um dia ainda você vai acessar (se é que já não começou a fazer isso) a alma das mulheres e esse “default detalhizado” que faz de nós seres incrivelmente singulares. Detalhistas na corujice, no perfume, no pano de prato. No retrato, na rotina, no trato. Na alegria, na taça de vinho, no desabafo. No batom, no chocolate, nas rugas que desenham anos de trabalho ou minutos de intensa felicidade. Irritantemente detalhistas na TPM, no chilique, no vestido: vermelho exuberante ou pretinho indefectível? Deliciosamente detalhistas no supermercado, no café com as amigas, no penteado da filha: meio-rabo ou maria-chiquinha? Essencialmente mulheres nesse nosso jeito de amar e se apaixonar pela vida, nos mííííííínimos detalhes. “Detalizadamente”.

Compartilhar este post

Posts Relacionados

Carta à Clarice Lispectoremoção

Carta à Clarice Lispector

Querida Clarice, Já se passaram alguns dias do nosso encontro no teatro. Queria ter escrito já no dia seguinte, transbordando que estava de emoção, mas o correr desenfreado do tempo fez com que os rascunhos acabassem guardados em uma gaveta do coração. Ah, como chorei: ao te ver, te ouvir, te sentir. Como foi bom te ver viva, vivíssima, através da belíssima atuação de Beth Goulart (tão linda, tão parecida fisicamente com você, impressionante!). Atriz e escritora se fundiram, pessoa e personage

13 de out. de 2025Ler mais →
Foi-sevida

Foi-se

Agosto foi embora e eu nem vi. Vivi. Muito, intensamente, cada segundo desse mês que geralmente se mostra - se sente - tão longo, tão grande, exageradamente demorado. Cadê? Passou, fui, ui, o tempo está mesmo voando. (Ou fui eu que não parei.) Agosto dos ventos uivantes, gelados. Das notícias ruins para quem acredita em superstição. (Ou no próprio desenrolar dos fatos, é fato...) E também das notícias boas, assim é a vida, gente querida andou nascendo e soprando velas por aqui. Viva! E teve na

1 de set. de 2025Ler mais →
Estou aqui.cinema

Estou aqui.

Sim, eu sei. Perdi o timing. Me perdi em meio à minha emoção, à minha ação. (Acho que fiquei paralisada, fora do ar, sem palavras.) Aí a vida veio passando, outros filmes também, e aqui estou: atrasada feito o coelho da Alice, "é tarde, é tarde, é tarde", mas aqui estou. Preciso ticar essa pendência. Check. Pode ser que você não leia, já tenha se saturado com o assunto, vou entender. Mas preciso escrever, a dívida é comigo mesma. E antes que você vá embora, te adianto um pequeno spoiler: o post

28 de jul. de 2025Ler mais →

Comentários

Seja o primeiro a comentar!