Família

De filha pra pai

13 August, 2017

Meu pai nunca ligou muito para essa história de Dia dos Pais. “Invenção do comércio, minha filha, bobagem.”

Outros momentos simples, por outro lado,  sempre tiveram o maior valor pra ele. Como me ligar diariamente, três vezes no mínimo, fizesse chuva ou sol, para se fazer presente com um carinho que era sua marca registrada: “Bom dia, princesa; boa tarde, Renatinha; boa noite, minha querida.” Como me buscar na escola com um sorriso largo e o meu chocolate favorito, me ensinando cedo o sabor da felicidade; como brincar de esconde-esconde sem jamais me perder de vista; como me levar ao circo, ao clube e ao parque, colorindo de aquarela meus finais de semana; como me enviar flores quando veio a notícia da menarca; como me ajudar na matemática (“paciência, pai, não sou boa como você”), me buscar nas festas, me pegar dançando lento e falar até hoje no assunto.

Eu cresci como filha de pais separados, mas sempre tive o meu pai junto de mim, zero de distância e um afeto que propaganda nenhuma dá conta de traduzir. Aliás, aprendi mais tarde, em um curso de constelação familiar, que essa história de pais separados não existe. Quem se separa é o casal, homem————mulher; dentro do coração de um filho, os pais jamais se separam: seguem juntos, unidos, inteiros, em uma conexão de amor que abençoa e conduz. Pra vida toda.

E assim a gente segue: com WhatsApp de bom dia todo dia; telefone pra não perder o costume; pãozinho quente no domingo; pipoca com futebol; reza, abraços, fotografias, chocolatinhos, papos variados e papos-cabeça, risos (muitos risos). Além de pai do ano todos os anos, ele ainda levou o título de sogro excepcional e um avô que não tem explicação.

Você tem razão, pai. Um dia é pouco – muito pouco –  pra gente comemorar tudo isso que “o comércio inventou”. Obrigada por existir na minha vida, e por cada presente especial que veio de você.

Feliz Dia dos Pais. (Feliz de mim.)

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