Palavras abraçam. Aproximam. Acolhem. Fazem do silêncio ponte, do coração tradução, da dor um caminho.

Renata Feldman faz das palavras matéria-prima. Seu trabalho é feito de escuta, acolhida, interação, escrita.

Seja no refúgio da psicologia clínica, nos livros publicados ou posts aqui do blog, palavra é preciosidade.

Entre, aconchegue-se e fique à vontade. É uma alegria dividir este espaço com você.

Flor decorativa
Amor

Cura de quê?!

21 June, 2013

Fico pensando (e esse pensamento dói) no quanto algumas profissões são exercidas de forma leviana, negligente, doente.
Profissão é algo sagrado, meu caro. Tem a ver com ganha-pão, honestidade, respeito, realização. Trabalho sério, principalmente quando se lida com gente. Principalmente quando se assenta numa mesa para criar ou aprovar projetos de lei. Projetos que não são de lego nem credo, não se montam como se fossem brinquedo.
Projetos de lei, meu caro, envolvem também projetos de vida. Pressupõem gente que lê, que pensa, que sente, que tem personalidade e opinião própria. Gente que sofre, que ama, que se perde e se encontra, cai e levanta, ri e chora.
Gente que tem sexo e nem por isso tem um carimbo dizendo como é que tem que amar. Com quem é que tem que se deitar. Gente que recusa projetos de lei determinando uma cura absurda.
Que cura, meu caro? Que lei? Por acaso amor mudou de nome? Virou doença seguir uma orientação, abraçar uma identidade, se jogar nos braços da mulher ou homem amado?
Me fale mais sobre isso. Deixe-me entender onde é que está a patologia. No meu consultório é que não está.
Não vejo doença nos olhos do homem que só tem olhos para outro homem. Não vejo distúrbio na mulher que sonha com outra mulher. Não cometo o equívoco absurdo de querer curá-los, meu caro.
Prezo o gay que se senta à minha frente como prezo qualquer outro ser humano que vem falar das suas dores, feridas, amores. Basta ser filho de Deus para tê-las aos montes.
Se esse blog fosse um divã, meu caro, Freud certamente lhe diria: “Seu tempo acabou.”

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