Semana do Dia das Mães, um ano atrás. Vem na agenda da Bella o seguinte bilhete:
“Mamãe, venha assistir nossa apresentação de inglês na próxima sexta-feira, às 14 horas. Você é nossa convidada especial.”
Ui.
Justo naquele dia, exatamente naquela hora, eu tinha aula de Ética no mestrado com trabalho para apresentar.
Socorro.
Apelei pra minha mãe, que rapidamente se incumbiu de ir no meu lugar. Super vó.
(Corta.)
Uma hora da tarde, eu lá no meu mestrado tentando me concentrar na aula de Ética, alternando os olhos entre o datashow e o relógio, pensando na Bella cantando “Hello, everyone, tralalalalááááá!…”
Ai.
Que vontade irresistível de ser clonada, duplicada, virar mulher elástico de repente.
Adivinha o assunto da aula: CULPA.
E eu lá, péssima de ver o ponteiro do relógio andando, imaginando o que eu estava perdendo.
Movida por um impulso desesperador, levantei a mão e perguntei à professora:
– E o que que a gente faz com a culpa quando está assistindo aula e a filha está na escola, fazendo uma apresentação para o Dia das Mães?
– O quê?! Sua filha?! Apresentação na escola? Pega suas coisas e vai embora agora! Assina a lista de presença e tchau. Sem culpa.
Completamente rubra-rosa, surpresa, aliviada, dei um beijo na melhor professora de Ética da minha vida e saí desabalada, me sentindo a própria Indiana Jones em busca do tesouro quase perdido.
Cheguei na escola esbaforida, faltando dois minutos para a apresentação.
As crianças já estavam a postos na rodinha, se aboletando no colo das mães. Menos a Bella, assentada no chão, perninha de índio e bochecha apoiada na mão.
Deu um pulo quando me viu, saiu correndo, quase me derrubou com aquele abraço.
Happy, great, delicious hug. Sem ruga nem culpa.
………………………………………..
Tudo isso pra contar que hoje teve mais uma apresentaçãozinha de inglês da Bella lá na escola, com direito a “ser filho também é padecer no paraíso.” Aguarde o próximo post.
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