Minha criança anda crescidinha. Alguns brinquedos já largou faz tempo. Princesas perderam o encanto. Roupas com apelo muito infantil estão fora de moda e cogitação. Programas com os amigos causam agito, euforia e “amnésia de pai e mãe”. Livros são devorados como se fossem barras de chocolate ao leite, causando os melhores efeitos colaterais possíveis. Bichos de pelúcia ainda têm algum lugar ao sol, especialmente quando ele vai embora e já é hora de dormir. Festas do pijama são as mais esperadas, ibope garantido. Micos causam constrangimento, e a culpa (claro) é sempre das mães. Quarto bagunçado é marca registrada – tênis, mochila, shorts, cadernos, tudo junto e misturado.
Dia desses a mãe chamou a mocinha na responsa:
– Bella do céu, que bagunça é essa? Você já está grandinha!…
– Tô não, mãe, tô ficando… Isso é hormônio do crescimento!…
– Hormônio do crescimento?!?!
– Sim! E se chama preguiça!…
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Domingo teve Show de Talentos na escola. Ela tocou e cantou o último sucesso de Ana Vilela, “Promete”, que traz um pedido especial de mãe para filho:
“Promete que não vai crescer distante
Promete que vai ser pra sempre assim
Promete esse sorriso radiante
Todas as vezes que você pensar em mim
Promete aproveitar cada segundo
Desse tempo que já passa tão veloz
Me lembro quando você chegou nesse mundo
Sorrindo aos poucos quando ouvia a minha voz”.
(“Freud explica”, foi o comentário da professora.)
Sofia, amiga inseparável, cantou “I am not a robot”, e emocionou a plateia.
Chegando em casa, fui pedindo ajuda:
– Bella, põe a mesa, atende o telefone, arruma seu quarto?…
– Mãe, I´m not a robot! (…)
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Outro dia chamei a pequena para o “momento faxina e pequenos cuidados”: cortar as unhas, checar orelhas, dentes, passar pomada nos roxos, creme hidratante, etc e tal. Ao final da última unha cortada, missão cumprida, ela me solta essa:
– Tô te dando trabalho, hein, mamãe?
– Desde que você nasceu, Bebella. O melhor trabalho que eu podia ter na minha vida.
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