Um dia ela me confessou, muito timidamente:
– Às vezes eu penso em mudar de sexo. Deixar de ser mulher. (…)
Mas nada de ser homem também. Esquece.
Meu sonho de consumo é me transformar em máquina. De preferência uma bem grande, linda, de plasma ou LCD. (Plasma não, de plasma basta eu tentando inutilmente aparecer.)
O que eu queria mesmo era me banhar de todos os brilhos, cores, amores. Imagens em movimento, tão aceleradas quanto os filmes do 007. É isso. A partir de hoje meu nome é “Bond. James Bond”.
Quero ter voz. (E que a minha voz seja ouvida no talo.)Quero ver ele não olhar pra mim agora. Cheia de astúcia, sedução, armas de última geração.
“Bond. James Bond.”
E quando ele cansar desse filme é só me apontar o controle. Gol de placa, golaço, grito de adrenalina no último minuto do segundo tempo.
É zero a zero e ele insiste em olhar pra mim. Vidrado, louco, completamente apaixonado.
Se não capotar no sofá depois disso, é certo que vai pra cama comigo.
Muito prazer, eu sou a tal.
Sem concorrência. Sensacional. Inteiramente digital.
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