Entro no elevador junto de uma simpática senhora de cabelos brancos, se queixando (sem lamúrias ou lamentações, mas com um largo sorriso no rosto) das suas “cadeiras”.
Reforço:
– Ah, hoje em dia tá todo mundo “descadeirado”!…
(Risos.)
– Ah, não, minha filha, você ainda está muito nova… Já eu, do alto dos meus 84 anos…
– 84?! Não parece!…
– É o que todo mundo diz, mas já colhi 84 primaveras…
Pergunto, brincando:
– Ah, não, me conta: qual o creminho que a senhora usa à noite?
– Creminho? O creminho é a saudade e o amor, minha filha. Tô doida pra “ir embora” pra me encontrar com ele, que partiu já faz 16 anos… A gente vivia tão bem, mas tão bem…
Oitavo andar. Abre a porta do elevador, me despeço da alegre senhora.
Abro a porta do consultório, pensando na dor – dores tantas, escuto todo dia – que faz um amor partido.
Coisas da vida. Da idade. Conversas de elevador, dor de saudade.
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