Amor

Conversas de eleva-dor

18 January, 2012

Entro no elevador junto de uma simpática senhora de cabelos brancos, se queixando (sem lamúrias ou lamentações, mas com um largo sorriso no rosto) das suas “cadeiras”.
Reforço:
– Ah, hoje em dia tá todo mundo “descadeirado”!…
(Risos.)
– Ah, não, minha filha, você ainda está muito nova… Já eu, do alto dos meus 84 anos…
– 84?! Não parece!…
– É o que todo mundo diz, mas já colhi 84 primaveras…
Pergunto, brincando:
– Ah, não, me conta: qual o creminho que a senhora usa à noite?
– Creminho? O creminho é a saudade e o amor, minha filha. Tô doida pra “ir embora” pra me encontrar com ele, que partiu já faz 16 anos… A gente vivia tão bem, mas tão bem…
Oitavo andar. Abre a porta do elevador, me despeço da alegre senhora.
Abro a porta do consultório, pensando na dor – dores tantas, escuto todo dia – que faz um amor partido.
Coisas da vida. Da idade. Conversas de elevador, dor de saudade.

Comentários

Seja o primeiro a comentar!