Há 12 anos assisti ao filme Cidade dos Anjos, e essa semana repeti a dose na V Mostra de Cinema Comentado da Estácio. Quase desmanchei de tanto chorar.
À delícia do filme se juntou o brilhantismo do Prof. Júlio Pinto, doutor em semiótica, que foi buscar em Platão, Aristóteles, no amor e nos anjos uma linha de raciocínio permeada de emoção.
O enredo é bem interessante: um anjo (Nicolas Cage) se apaixona por uma mortal (Meg Ryan) e renuncia à eternidade, vira gente, só para ficar com ela. O final do filme é doído, surpreendente, e eu não vou contar aqui porque pode ser que você ainda não tenha visto. (Não perca.)
Mas isso eu conto: o filme é um convite pra você pensar no que anda fazendo da sua vida. No tanto que você anda sendo gente, anjo ou robô. No tanto que anda enchendo a cabeça de coisas ou no tanto que anda se permitindo sentir. Sem muita razão, teoria, blablablá, certo ou errado. Apenas sentir.
O Prof. Júlio falou com muita propriedade desses dois verbos. Pensar é especialidade dos anjos, que estão lá em cima assistindo a tudo aqui na terra. O sentir é inerente aos humanos, e foi isso que atraiu tanto o anjo vivido por Nicolas Cage: a paixão, a pele, os lindos olhos da Meg Ryan. O banho quente, a água do mar, a lareira acesa, o sangue vermelho, o beijo, o toque, a pêra que faltava na salada de frutas.
E aí a gente lembra o quanto a nossa vida é sensória. E o quanto é curta também. Por isso, você que é gente de carne e osso, páre e pense um pouquinho se o sentir não anda fazendo falta na sua vida. Até que ponto você não está sendo anjo demais, pensante demais, robô em demasia.
Se a gente não pensasse, não seria gente. Mas se a gente também não sente, vira anjo frustrado, despido de asas e do amor que nos move em tudo, pra lá da eternidade.
Comentários
Seja o primeiro a comentar!